O CINTESIS recebeu, esta semana, Hans Ossebaard, especialista do National Health Care Institute, na Holanda. Mais de duas dezenas de pessoas, na maioria investigadores, assistiram à palestra, cujo título era “eHealth in the Netherlands – an overview”.

Durante cerca de uma hora, o holandês falou sobre o papel do e-Health, entendido como o uso das novas tecnologias de informação e comunicação, especialmente a internet, para apoiar e melhorar a saúde e os cuidados de saúde prestados, designadamente em áreas como as doenças respiratórias, as doenças cardiovasculares e as doenças mentais.

Para o especialista da Universidade de Twente, a investigação deve permitir que estas tecnologias sejam implementadas de forma “efetiva e eficiente” nos cuidados de saúde e que elas sejam “acessíveis, aceitáveis e atrativas para os utilizadores”, respondendo a alguns desafios globais que se colocam, tais como o envelhecimento da população, a multimorbilidade, a necessidade de autogestão das doenças crónicas e o aumento da despesa em saúde, mas também às elevadas expectativas dos utentes.

“Os cuidados de saúde estão a ir para casa porque é em casa que as pessoas preferem estar”, avisou o palestrante, referindo que a saúde está a passar “dos tijolos para os bytes” (da expressão em inglês “from bricks to bytes”).

Segundo o mesmo, a Holanda tem metas bem definidas para atingir até 2019 e que passam por estender a telemonitorização a 75% dos doentes crónicos e pessoas idosas . Além disso, 80% dos doentes crónicos deverão ter acesso aos seus dados médicos via telemóvel/online.

Atualmente, o recurso a eHealth está a aumentar quer entre profissionais, quer entre os próprios doentes. Contudo, como frisou Hans Ossebaard, existem várias condições para que a sua implementação tenha sucesso. Uma delas é manter em mente o tipo de utilizadores a quem se destinam. Outra é dar tempo e espaço à experiência e a melhorias em fatores como o financiamento e a adoção de boas práticas. “eHealth é mais do que tecnologia. É inovação social, pessoas, organização e ambiente envolvente”, alertou.

Apesar de se manterem algumas questões e dúvidas em relação, por exemplo, à privacidade, à segurança, às possíveis disparidades na sua utilização, ao seu impacto e à relação custo-efetividade, existe já evidência positiva com eHealth em áreas como a monitorização da insuficiência cardíaca a partir de casa, a telemonitorização da hipertensão e a educação baseada na web ou via mobile na diabetes tipo I e tipo II. Existe ainda evidência “promissora” em áreas como a gestão da dor aguda e crónica, a telereabilitação e a telemonitorização de doenças crónicas.

Em suma, o especialista considera haver evidência significativa ou moderada de benefícios com eHealth na clínica, especialmente em doenças crónicas, diabetes, doença cardiovascular, doença mental, reabilitação física e doenças respiratórias, bem como da efetividade desta abordagem na comunicação e aconselhamento de doentes crónicos e na monitorização destes doentes à distância, prevendo uma tendência para um aumento do investimento na investigação em eHealth a curto prazo.