Um artigo científico da autoria de investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, coordenado por Conceição Calhau, está no Top 100 dos mais lidos em 2018 na área das Neurociências, entre mais de 1600 artigos publicados pela “Scientific Reports”. O “paper”, intitulado “Gut microbiota modulation accounts for the neuroprotective properties of anthocyanins”, teve 1.730 visualizações nesse ano, o que o coloca num lugar de grande destaque.

A equipa de Conceição Calhau, investigadora do CINTESIS e professora da NOVA Medical School, realizou uma série de estudos para avaliar a relação entre o tipo de alimentação, a composição da microbiota intestinal, isto é, do conjunto de micróbios que habitam o intestino, e o próprio cérebro.

As conclusões do estudo estão plasmadas neste artigo científico. Os cientistas mostraram, em animais, que uma dieta rica em gordura saturada altera negativamente a composição da microbiota intestinal (com uma diminuição de bactérias benéficas e um aumento de substâncias inflamatórias), podendo contribuir para as alterações neuroinflamatórias que ocorrem na obesidade.

O passo seguinte foi testar a eficácia de medidas preventivas do desequilíbrio da microbiota intestinal e da inflamação a nível cerebral. No modelo animal, foi demonstrado que a ingestão continuada de alimentos ricos em antocianinas (mais concretamente o extrato de amora) é capaz de melhorar a microbiota intestinal e reduzir a inflamação no cérebro que está subjacente às complicações neurológicas associadas à obesidade.

“A hipótese deste tipo de substâncias induzirem o crescimento de bactérias benéficas no intestino, interferindo com a inflamação no cérebro, abre caminho a uma nova estratégia terapêutica para a prevenção e tratamento de doenças neuropsiquiátricas tão prevalentes na população, como a ansiedade e a depressão”, conclui Conceição Calhau.

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