Um grupo do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde/Universidade de Aveiro está a analisar o impacto da doença oncológica no funcionamento cognitivo dos sobreviventes em idade ativa.

A notícia é avançada neste dia 4 de fevereiro, data em que assinala anualmente o Dia Mundial do Cancro, que tem como principal objetivo sensibilizar e mobilizar na luta contra o cancro.

Através de um conjunto de questionários online, os investigadores estão a analisar as queixas e dificuldades cognitivas dos sobreviventes de cancro a nível global e, em particular, a nível laboral.

A equipa quer saber, por exemplo, qual é a capacidade para o trabalho e quais são as limitações sentidas pelos sobreviventes nesta área. Do mesmo modo, pretende avaliar aspetos psicossociais, incluindo a sintomatologia depressiva e ansiosa e a qualidade de vida.

Um dos principais contributos deste projeto deverá ser a disponibilização de um programa de reabilitação cognitiva online específico para esta população.

Podem participar neste estudo todos os homens e mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos que tenham sido diagnosticados com cancro. A participação é totalmente voluntária e confidencial.

Alterações às capacidades prolongam-se após os tratamentos

De acordo com Ana Filipa Oliveira, investigadora do CINTESIS/Universidade de Aveiro, até 75% das pessoas diagnosticadas com cancro relatam alterações ao nível das suas capacidades cognitivas durante os tratamentos do cancro e cerca de 35% continuam a demonstrar algum compromisso ou queixas após terminar os tratamentos.

“Estas alterações são um fator de preocupação para os sobreviventes de cancro, podendo interferir na qualidade de vida e no funcionamento diário, nomeadamente ao nível laboral”, refere.

Em Portugal, de acordo com os últimos dados do Observatório Global do Cancro da Organização Mundial da Saúde (Globocan) de 2020, registaram-se mais de 22 mil novos casos de cancro na população em idade ativa (15-64 anos) e mais de 63 mil pessoas, nesta faixa etária, estão a viver com a doença (até cinco anos após o diagnóstico).

Além de Ana Filipa Oliveira, participam neste projeto Isabel M. Santos, do William James Center for Research e colaboradora do CINTESIS, Ana Torres, do CINTESIS, e ainda Linda M. Ercoli, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA). Estão também envolvidas no projeto as investigadoras Anabela Pereira, Sara Monteiro, Ana Bártolo, Helena Sousa, Rita Tavares e Milaydis Sosa Napolskij do CINTESIS, e o investigador David Oliveira do DigiMedia/Universidade de Aveiro.

O projeto “Funcionamento Cognitivo no Cancro e Outcomes Relacionados com o Trabalho: Eficácia de um Programa de Reabilitação Cognitiva Online” é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo CINTESIS.

O questionário online está disponível AQUI.