Uma equipa com a participação do CINTESIS validou um programa assente numa abordagem psicoeducacional que visa dotar os cuidadores informais de conhecimentos e competências para cuidarem dos seus familiares com demência, contribuindo assim para reduzir o stress e a depressão que se associam à prestação deste tipo de cuidados.

De acordo com os autores de um artigo publicado no Dementia, uma das mais prestigiadas revistas científicas nesta área, os programas dirigidos aos cuidadores de pessoas com demência são essenciais face ao aumento do número de pessoas com este problema e, consequentemente, do número de novos cuidadores informais.

“Treinar cuidadores familiares implica fornecer-lhes informação e competências que lhes permitam prestar melhores cuidados às pessoas com demência no seu dia a dia. Este programa explora e treina um conjunto de estratégias que apoiam o cuidador”, explicam os investigadores, entre os quais está Carlos Sequeira, investigador principal do grupo NursID, do CINTESIS, além de Lia Sousa, do ICBAS, e Carme Ferré-Grau, da Universidade Rovira i Virgili, em Tarragona, Espanha.

Desenhado para ser aplicado em diferentes contextos, incluindo em casa e no hospital, o programa consiste em sete sessões individuais semanais e em duas sessões de grupo, ao longo de um período de sete semanas, e cobre aspetos como a comunicação, as exigências e expectativas, estratégias de resolução de problemas, importância da saúde física e mental do cuidador e recursos disponíveis na comunidade.

Os investigadores pretendem que este programa se constitua numa “importante ferramenta para os profissionais de saúde que veem cuidadores familiares de pessoas com demência”.

A Organização Mundial de Saúde considera que a demência é um verdadeiro problema de saúde pública. De acordo com o The Global Voice on Dementia, o conceito de demência abarca síndromes progressivas que atingem o cérebro. Os sintomas incluem perda de memória, dificuldade em compreender o que os outros dizem ou em fazer-se entender, dificuldade em realizar tarefas de rotina e alterações no comportamento. A forma mais conhecida de demência é a doença de Alzheimer, que contribui para cerca de 60% dos casos. Estima-se que 47.5 milhões de pessoas vivam atualmente com demência, número que pode atingir os 75.6 milhões em 2030.