Diogo Pestana é investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde no polo da NOVA Medical School – Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, sendo especialista em temas como os iodo e os poluentes ambientais com efeito de alteradores endócrinos.

Nasceu em 1983, no Porto, onde fez o seu percurso escolar. Praticou natação no Futebol Clube do Porto e jogou polo aquático no Salgueiros. Fez licenciatura em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), entre 2001 e 2005. Depois do estágio na FCUP, foi bolseiro na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Em 2007, “deu o salto” para a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), onde começou a trabalhar com a investigadora Conceição Calhau (agora investigadora do CINTESIS/NOVA Medical School), especialmente nos efeitos antioxidantes de determinados fitoquímicos no modelo animal. Fez mestrado em Biologia na FCUP (2009) e doutoramento em Metabolismo na FMUP (2013), com uma passagem de nove meses por Cambridge, para estudar os poluentes ambientais que persistem na cadeia alimentar e os seus efeitos na saúde.

Ingressou no CINTESIS, no grupo ProNutri – Nutrição e Programação Metabólica, onde tem participado em diversos projetos, com destaque para o IoGeneration, liderado por Conceição Calhau e financiado em mais de 400 mil euros pela ACSS/EEA Grants, com o objetivo de avaliar o estado do iodo em Portugal e o papel da suplementação em escolas. Participa agora no IoGeneration Lisboa, que visa consciencializar para a ingestão adequada de iodo, e no projeto IoMum, liderado por Elisa Keating (investigadora do CINTESIS/FMUP e atual líder do ProNutri), que está a monitorizar o estado do iodo em grávidas portuguesas e a avaliar o impacto da suplementação.

Foi consultor para a Direção-Geral da Saúde e integrou a iniciativa “Industrially Contaminated Sites and Health Network” (ICSHNet), financiada pela COST Action, cujo objetivo foi estabelecer e consolidar uma rede europeia dedicada ao desenvolvimento de estratégias comuns para lidar com a problemática do impacto da contaminação industrial na saúde. Continua ativamente a estudar a relação entre os alteradores endócrinos, nomeadamente os poluentes orgânicos persistentes (POP), derivados de alguns pesticidas (caso do DDT), e o desenvolvimento de inflamação e de doenças como a obesidade, a diabetes e a hipertensão. É Professor Auxiliar Convidado da NOVA Medical School, tem mais de três dezenas de artigos científicos publicados e muitos planos a médio e longo prazo, um dos quais passa por criar o primeiro banco português de microbiota fecal para transplante, no âmbito da MYBIOME, uma spin-off promovida por investigadores do CINTESIS.

Ambição a um ano
Sabemos que as alterações do microbiota estão relacionadas com várias patologias e que a sua manipulação pode ajudar a tratar essas doenças. Este é cada vez mais um “hot topic”. Neste momento, uma das estratégias é o transplante de microbiota fecal.

Da investigação desenvolvida no nosso grupo do CINTESIS surgiu a MyBiome, uma spin-off da Universidade NOVA de Lisboa, que concorreu ao Portugal 2020 e vai ser financiada para criar, em Évora, um laboratório de produção de soluções e preparações de microbiota para terapêuticas inovadoras. Vamos ter o primeiro banco de microbiota em Portugal. Vamos recolher microbiota de dadores saudáveis, a quem chamamos “superdadores”, que poderão ser administrados em doentes para tratamento de certas patologias, como a infeção por Clostridium difficile.

Ambição a 10 anos
Daqui a 10 anos, vejo a nossa spin-off já em franco crescimento e espero que nos permita crescer como grupo de investigação do CINTESIS. Um dos objetivos é que ela possa ser um motor de novos projetos e colaborações. Pessoalmente, quero continuar a investigar os alteradores endócrinos, o ambiente e os efeitos das alterações climáticas na exposição a contaminantes, nomeadamente alimentares. Quero também continuar a consciencializar e a alertar as pessoas e os políticos com responsabilidades nestas matérias. Este é um trabalho que nunca termina.

Que vida para além da investigação?
Vivo em Lisboa, mas vou ao Porto sempre que posso. Gosto de estar com a família e com os amigos. Gosto de viajar, sem planos definidos, e de me sentir parte dos locais que visito. Gosto de desporto, de ouvir música em vinil, de tirar fotos. Também gosto de cinema, de séries e de livros. Ler é algo que gostaria de fazer mais.