O recurso à simulação clínica virtual permite uma melhoria significativa da retenção de conhecimento e aumenta os níveis de satisfação com a aprendizagem, no contexto do Ensino da Enfermagem.

Os resultados são de um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP).

O artigo, intitulado Clinical Virtual Simulation in Nursing Education: Randomized Controlled Trial”, foi publicado no Journal of Medical Internet Research (JMIR), tendo-se tornado no 7º mais citado no ano de 2020 e o 24º na lista de artigos mais citados de sempre deste jornal científico.

De acordo com Miguel Padilha, primeiro autor do estudo e investigador CINTESIS/ESEP, o estudo consistiu num ensaio randomizado controlado no qual foram comparados dois grupos de estudantes de Enfermagem. Num dos grupos, o Ensino baseou-se numa abordagem tradicional, com um caso clínico. No outro grupo, foi utilizado o mesmo caso clínico, mas com recurso a um simulador virtual (Body interact).

No grupo de intervenção, os utilizadores puderam interagir como o simulador virtual, através de diálogos, realizando a monotorização de parâmetros fisiológicos, a observação e o exame físico e a prescrição ou análise de exames complementares e a prescrição da intervenção.

No final, o simulador fornecia um relatório de “feedback”, com a pontuação dada nas três categorias analisadas: exame físico, diagnóstico e intervenção. Era também apresentada a melhor decisão, com base na Evidência.

Os resultados mostram que os futuros enfermeiros aprendem melhor com a utilização do simulador clínico virtual. A retenção de conhecimento é significativamente maior, quer imediatamente a seguir à intervenção, quer dois meses depois. Além disso, os estudantes apresentam níveis mais elevados de satisfação com a aprendizagem.

“Este estudo mostra que a simulação clínica virtual é uma estratégia pedagógica que contribui para melhorar a retenção de conhecimento e a satisfação dos estudantes. O artigo revela também o impacto da simulação no Ensino da Enfermagem e contribui para que os docentes da área da saúde estejam conscientes da sua utilidade”, afirma Miguel Padilha.

O investigador do CINTESIS/ESEP conclui, sublinhando que a simulação clínica virtual prova o seu potencial para apoiar o desenvolvimento de competências clínicas na próxima geração de profissionais, contribuindo para aumentar a segurança e a qualidade dos cuidados de saúde no futuro.