Um estudo desenvolvido por investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) demonstrou que o consumo regular de gérmen de trigo pode contribuir para uma melhoria da saúde gastrointestinal.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas compararam o efeito do consumo de pão enriquecido com 6 gramas de gérmen de trigo com o consumo de pão refinado normal em dois grupos de voluntários saudáveis. O estudo seguiu as boas práticas e, portanto, os participantes não sabiam que tipo de pão estavam a consumir.

Numa avaliação de diferentes parâmetros fisiológicos, verificou-se que as pessoas que consumiram diariamente o pão enriquecido com gérmen de trigo durante 4 semanas tiveram uma melhoria na qualidade de vida associada a uma diminuição do desconforto intestinal.

Observou-se também uma melhoria do microbiota intestinal (a população de microrganismos que habitam o intestino) através de um claro aumento do número de dois géneros de bactérias, os Bacteroides e as Bifidobactérias.

A presença destes dois grupos de bactérias no intestino está associada a uma diminuição da inflamação e a uma melhor saúde gastrointestinal. Já uma redução do número destas bactérias está relacionada com patologias do intestino.

“Este estudo vem valorizar o papel do gérmen de trigo, um subproduto da indústria de moagem de trigo, fornecendo bases para a sua utilização em alimentos destinados ao consumo humano”, explica André Rosário, investigador do CINTESIS/FMUP e primeiro autor deste estudo. Até agora, o gérmen de trigo tem sido usado sobretudo na alimentação animal.

Este foi um estudo inovador e, para além destes resultados, explora e propõe a aplicação dos métodos e abordagens da área da Avaliação de Tecnologias da Saúde no desenvolvimento de alegações de saúde associadas a alimentos funcionais.

Coordenado por Luís Azevedo (CINTESIS/FMUP) e Conceição Calhau (CINTESIS/NOVA Medical School), o estudo inseriu-se no âmbito do projeto VALORINTEGRADOR, financiado pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização e contou com a colaboração da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica e do Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho.

A investigação nesta área deverá agora prosseguir para dar suporte a possíveis pedidos de alegação de saúde, a submeter pela indústria alimentar às autoridades europeias (a EFSA – European Food Safety Authority), utilizando a mesma metodologia, a Avaliação de Tecnologias da Saúde.