Uma equipa do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde/Universidade de Aveiro vai apoiar os doentes renais crónicos em hemodiálise, um grupo particularmente afetado pela pandemia de COVID-19.

Os especialistas estão a desenvolver programas psicoeducativos online totalmente gratuitos, destinados a grupos de pessoas em hemodiálise, a casais em que um dos elementos realize este tratamento e a cuidadores familiares.

Os programas psicoeducativos online, que consistem em seis sessões de 90 minutos cada, deverão iniciar-se entre 7 e 13 de março, semana em que se celebra o Dia Mundial do Rim (11 de março). As inscrições já abriram e podem ser feitas no site www.togetherwestand.pt.

“Mesmo no atual estado de pandemia por COVID-19, não desistimos da nossa missão junto das pessoas e famílias em situação de doença renal crónica”, afirma Daniela Figueiredo, coordenadora do projeto e investigadora do CINTESIS.

De acordo com a responsável, “o objetivo é facilitar o desenvolvimento de estratégias que permitam a estas pessoas viver para além da doença, dos tratamentos e das suas implicações, apesar das dificuldades que diariamente enfrentam”.

Pretende-se, igualmente, aumentar a adesão aos tratamentos na insuficiência renal crónica terminal e contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas envolvidas. Sabe-se que a falta de adesão aos tratamentos está associada a piores resultados clínicos e a um aumento da mortalidade precoce.

Neste sentido, as sessões irão contemplar duas componentes distintas: uma componente educativa (centrada no reforço dos conhecimentos e estratégias de autogestão da doença) e uma componente de suporte (dirigida à gestão das emoções, à facilitação da comunicação e ao reforço de redes de apoio para combater o isolamento social).

A equipa do projeto integra especialistas de várias áreas, tais como Psicologia, Medicina, Fisioterapia e Educação. Além de Daniela Figueiredo, participam também os investigadores Oscar Ribeiro, Helena Sousa (CINTESIS/UA) e Constança Paúl (CINTESIS/UP).

Doentes em diálise mais afetados pela pandemia

A criação destes grupos psicoeducativos online vem dar resposta a várias necessidades antigas dos doentes renais crónicos, agora agravadas pela pandemia por COVID-19.

Um estudo realizado no ano passado pelos mesmos investigadores, já havia indicado uma redução da eficácia da diálise e dos marcadores de controlo da doença durante a pandemia, assim como uma alteração nas rotinas diárias dos doentes, incluindo uma alimentação menos saudável e uma diminuição da atividade física.

Do mesmo modo, ficou demonstrado que as pessoas em hemodiálise apresentavam “maior sofrimento emocional” e “mais sintomas de ansiedade” durante o primeiro confinamento em Portugal, sobretudo devido ao medo de serem infetadas pela SARS-CoV-2.

A hemodiálise é o tratamento mais frequente para a insuficiência renal crónica terminal, funcionando como um “rim artificial” que permite eliminar resíduos e o excesso de líquidos do organismo. No entanto, a realização desta terapêutica de substituição obriga os doentes a deslocarem-se várias vezes por semana a unidades especializadas, aumentando o risco de contágio.

O Together We Stand: Promoting adherence in end-stage renal disease through a family-based self-management intervention é um projeto desenvolvido no âmbito do CINTESIS/Universidade de Aveiro, em parceria com o REQUIMTE e a Universidade do Porto e com financiamento do FEDER, através do COMPETE2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).