Um estudo desenvolvido por investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, em colaboração com a NOVA Medical School revela que a alimentação estará associada ao desenvolvimento de doenças inflamatórias das articulações, como a espondiloartrite.

De acordo com o estudo, a alteração da microbiota intestinal – maior comunidade de bactérias do corpo humano, responsável pela estabilidade que o organismo precisa para realizar as suas funções adequadamente, – traduz-se em diversas patologias relacionadas com a inflamação das articulações.

A investigação realça que a alteração da microbiota pode proporcionar a colonização de bactérias patogénicas propensas à inflamação intestinal que é desenvolvida em paralelo com a inflamação articular. Acrescenta ainda que cerca de dois terços dos doentes com doenças inflamatórias crónicas têm algum grau de inflamação intestinal.

A equipa de investigação acredita que os hábitos alimentares poderão ter um papel preventivo ou mesmo terapêutico na modulação da microbiota e, consequentemente, na espondiloartrite. Ou seja, certas intervenções alimentares, ao restabelecerem o equilíbrio da microbiota intestinal, são consideradas boas estratégias na evolução de doenças inflamatórias crónicas.

As principais modificações alimentares sugeridas referem-se à redução do consumo de amido e ao aumento do consumo de polifenóis e ácidos gordos n-3, dado as suas propriedades anti-inflamatórias, sendo que relatos pontuais referem melhorias aquando da adoção de uma dieta vegan.

O estudo alerta ainda para a obesidade como um dos casos em que a microbiota está alterada e, portanto, onde há maior propensão para inflamações crónicas.

Neste momento, a investigação respeitante a estas doenças é limitada. Contudo, no futuro os investigadores esperam que outros estudos possam identificar os agentes associados ao desenvolvimento destas doenças e o papel específico da sua modulação, bem como o efeito das alterações dos hábitos alimentares enquanto medida terapêutica.

Assinam este trabalho Inês Barreiros Mota e Conceição Calhau, coordenadora da linha temática 1  – Medicina Preventiva & Desafios Societais, do CINTESIS.