A adoção da Dieta Mediterrânica, a atividade física e a cessação tabágica reduzem o risco de degenerescência macular da idade (DMI), uma doença oftalmológica que é, atualmente, a principal causa de cegueira no mundo ocidental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A conclusão é de um estudo da autoria de José Paulo Andrade, investigador do CINTESIS, com o título “Nutritional and Lifestyle Interventions for Age-Related Macular Degeneration: a Review”, publicado na revista “Oxidative Medicine and Cellular Longevity”. O investigador acaba de apresentar os resultados deste trabalho no âmbito da 2ª Conferência Internacional “Food for Healthy Ageing – Maintaining Health Throughout the Lifespan”, que se realizou entre os dias 23 e 25 de outubro, na Holanda.

“A evidência científica atual mostra que os doentes com degenerescência macular da idade devem ser aconselhados a aumentar o consumo de vegetais de folha verde, a comer peixes gordos e a seguir o Padrão Alimentar Mediterrâneo, que tem também benefícios noutras doenças”, afirma José Paulo Andrade.

De acordo com este artigo de revisão, para a qual contribuiu Ângela Carneiro, do Serviço de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/Centro Hospitalar de São João, a alimentação tipicamente ocidental, rica em fritos, snacks salgados e carne vermelha em abundância, poderá estar associada a um aumento do risco de ter degenerescência macular da idade.

Pelo contrário, diz José Paulo Andrade, existe um risco menor de desenvolver DMI nos indivíduos que aderem à Dieta Mediterrânica, privilegiando o consumo de frutas, legumes, pão, frutos secos, azeite e peixe. Além de preferir produtos frescos sazonais, este padrão alimentar inclui também laticínios em quantidades baixas a moderadas e carne vermelha/processada, mas em baixa quantidade. No entanto, o uso de suplementos vitamínicos não é eficaz na prevenção da DMI.

Por outro lado, o investigador principal do grupo NeuroGen – Neuronal Degeneration & Regeneration, do CINTESIS, indica ainda que nos doentes com DMI moderada ou avançada existe benefício na suplementação vitamínica mas devem usar apenas os suplementos de vitaminas e minerais que já demonstraram a sua eficácia em ensaios clínicos (como vitamina C, vitamina E, zinco e beta-caroteno). Os fumadores ou ex-fumadores devem ser aconselhados a evitar as formulações com beta-caroteno, o qual deve ser substituído por luteína/zeaxantina.

Depois de analisar dezenas de estudos feitos nesta área, José Paulo Andrade avisa que são precisos mais estudos para suportar o uso de outros suplementos na DMI, designadamente os ácidos gordos ómega 3.

O especialista considera, finalmente, que o papel dos profissionais de saúde na educação dos doentes pode e deve ser melhorado, de modo a reduzir a prevalência de DMI precoce, diminuir o número de casos de DMI avançada e, consequentemente, fazer baixar as despesas elevadas e em crescimento associadas ao tratamento desta doença.

A DMI é uma doença degenerativa que afeta progressivamente a zona central da retina (mácula) e a visão central, condicionando significativamente a autonomia e a qualidade de vida dos doentes. Em Portugal, haverá cerca de 350 mil pacientes com DMI. Todos os anos surgem cerca de 45 mil novos casos da forma precoce da doença e cerca de 5 mil com a forma tardia.