Um grupo de investigadores de Portugal e Espanha desenvolveu um modelo matemático de compreensão da transmissão dinâmica do SARS-CoV-2 que é relevante para definir a estratégia de desconfinamento e para o controlo eficaz da pandemia de COVID-19.

O modelo é descrito no artigo intitulado “Optimal control of the COVID-19 pandemic: controlled sanitary deconfinement in Portugal”, publicado recentemente pela revista Scientific Reports/Nature.

O estudo, no qual colaborou Wilson Abreu, do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde/Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP), propõe um modelo assente na teoria matemática do controlo ótimo, conjugada com a análise da opinião pública e recurso a redes sociais.

O objetivo é manter o número de infetados e de hospitalizações abaixo de níveis considerados críticos, permitindo um desconfinamento seguro, ao mesmo tempo que garante o funcionamento do sistema de saúde.

“A pandemia de COVID-19 obrigou os decisores políticos a decretar confinamentos obrigatórios para contrariar o contágio massivo. Contudo, depois dessa fase, as sociedades são forçadas a encontrar um equilíbrio entre a necessidade de reduzir os contágios e de reabrir as suas economias”, dizem os investigadores”.

O modelo foi aplicado na população portuguesa, recorrendo a dados disponibilizados pelas autoridades de saúde públicas nacionais entre os meses de março e julho de 2020.

De acordo com os investigadores, “este modelo é uma ferramenta de apoio às decisões de saúde pública, pois permite testar vários cenários de gestão da pandemia, antecipar a propagação do vírus e avaliar a eficácia de medidas específicas, garantindo a resposta dos serviços de saúde”.

A equipa integrou investigadores do CINTESIS, do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Matemática e Aplicações (CIDMA) da Universidade de Aveiro, do Politécnico de Leiria, do ACES Pinhal Litoral, da Universidade de Vigo e da Universidade de Santiago de Compostela, decorrendo no âmbito do projeto COMoMat-PandCovid19, liderado pela Universidade de Aveiro, e do projeto espanhol Predico.

O projeto COMoMat-PandCovid19, no qual o CINTESIS participou, foi apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito da primeira edição da “call” RESEARCH 4 COVID-19.