A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) contemplou mais um projeto liderado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

O projeto “iHIPI: Hiperinflamação e perfil imunológico dos doentes com COVID-19 no Centro Hospitalar de Vila Gaia/Espinho”, coordenado por Matilde Monteiro-Soares (FMUP/CINTESIS), foi distinguido na segunda edição do concurso RESEARCH 4 COVID19 com um financiamento que ascende aos 40 mil euros.

Além da investigadora da FMUP/CINTESIS, a equipa inclui Daniela Martins Mendes, do Centro Hospitalar de Vila Gaia/Espinho e I3S, e Rúben Fernandes, do Instituto Politécnico do Porto (IPP/PORTIC, o laboratório de referência onde serão feitas as análises laboratoriais).

O principal objetivo é compreender quais os mecanismos da imunidade do doente com COVID-19 e descrever as potenciais associações entre o perfil imunológico e dados clínicos, de forma a estratificar o risco, a atuar preventivamente e a evitar desfechos fatais.

Nesse sentido, a equipa de investigação irá realizar uma avaliação multifatorial do perfil inflamatório e do perfil imunológico (IgM/IgG) de cerca de duas centenas de doentes internados e seus familiares, assim como de profissionais de saúde daquele hospital do Norte do país, de forma a rastrear a presença ou exposição à infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Segundo os cientistas, o perfil imunológico dos doentes relaciona-se não só com os anticorpos que os doentes desenvolvem contra o vírus, mas também com o perfil de citocinas, que são mensageiros químicos do sistema imune e que produzem inflamação.

“Embora a inflamação seja um mecanismo de defesa expectável no combate a agentes agressores, às vezes ocorre um desequilíbrio que conduz a uma elevação destas citocinas acima de valores desejáveis, isto é, a hiperinflamação. Esta tempestade de citocinas pode levar à falência de vários órgãos vitais e conduz frequentemente à morte”, explicam.

Entre os 13 marcadores pró-inflamatórios a analisar está a IL-6, uma das citocinas cujos níveis demasiado altos parecem estar associados a maior gravidade da doença e a maior mortalidade.