Homem com 68 anos, com doença pulmonar obstrutiva crónica, deu entrada no serviço de urgência com agravamento do padrão de falta de ar. O que fazer de imediato? É para “aprender a pensar” em casos como este que a partir de agora a Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) se tornará na primeira escola de enfermagem nacional a dispor de um simulador clínico virtual, capaz de melhorar as competências dos futuros profissionais de saúde na hora de tomarem decisões clínicas.

Desenvolvido por uma equipa de investigação do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da ESEP, nos últimos dois anos, o novo sistema está totalmente ajustado às necessidades de formação e treino específicos dos enfermeiros.

A mesa de simulação instalada na ESEP, que está a ser utilizada por mais de 300 futuros enfermeiros, já existia. Trata-se de um equipamento designado Body Interact, desenvolvido e comercializado pela empresa Take the Wind. Mas o novo software – que agrega a informação relativa aos cenários clínicos específicos para o treino dos enfermeiros – é único no Mundo.

Miguel Padilha, investigador do CINTESIS e professor da ESEP, refere que esta é uma “ferramenta bem-adaptada às novas gerações de jovens estudantes, que conhecem, dominam e preferem sistemas pedagógicos mais interativos”. Mas o investigador e professor universitário apressa-se a garantir que este equipamento não constituiu apenas uma forma de tornar a transmissão do conhecimento mais atrativa.

“Este sistema de simulação na área da enfermagem foi pensado para treinar o processo de raciocínio e de tomada de decisão dos enfermeiros que, confrontados com casos reais, têm de saber tomar as decisões corretas de forma rápida e eficaz. O algoritmo fisiológico desenvolvido faz com que as reações da máquina sejam dinâmicas. Ou seja, os cenários não se repetem, o que promove o treino das competências cognitivas dos estudantes”, explica, adiantando que “através da utilização deste simulador nas aulas da Escola Superior de Enfermagem do Porto, será possível estabelecer um patamar mínimo para as competências de decisão clínica dos estudantes que, em última análise, beneficiará os doentes, através do aumento da qualidade e segurança dos cuidados em saúde”.

Paulo Machado, investigador do CINTESIS e professor da ESEP, outro dos investigadores envolvidos na criação desta nova ferramenta de ensino na área da Enfermagem, salienta ainda que este sistema é adaptável a dezenas de cenários clínicos pré-configurados e totalmente dinâmicos em áreas como a cardiologia, endocrinologia, neurologia, doenças respiratórias, doenças infeciosas, trauma, gravidez e pediatria.”

A tecnologia em causa oferece aos estudantes e profissionais uma experiência realista com um doente virtual e complementa as atuais estratégias de aprendizagem na educação em saúde, contribuindo para um processo de aprendizagem mais rápido e efetivo.