Uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) esteve na Assembleia da República no dia 14 de dezembro, para uma audição com a Comissão Parlamentar da Saúde. Em causa esteve uma proposta de legislação apresentada pela equipa do projeto IoGeneration que dita a fortificação do sal com iodo.
Liderado por Conceição Calhau, o projeto de investigação IoGeneration avaliou os níveis de iodo das crianças do Norte do país em idade escolar. Os resultados obtidos preocuparam os especialistas – um terço das crianças avaliadas apresentou níveis deficitários de iodo, um nutriente fundamental para o desenvolvimento cognitivo.
“A criação de uma lei que obrigue à iodização universal de todo o sal para consumo humano, de forma que, com baixo consumo de sal, se consiga o aporte necessário de iodo é uma forma simples de resolver este problema”, explica a investigadora principal da linha de investigação ProNutri, do CINTESIS.
O iodo pode ser ingerido através do consumo de sal iodado, de alimentos do mar (como peixes, mariscos e algas) e de frutas e legumes cultivados em terras perto do mar. O aporte insuficiente deste nutriente compromete a produção de hormonas da tiroide, essenciais para o desenvolvimento cognitivo e para o crescimento saudável das crianças. Apesar da sensibilização da Organização Mundial de Saúde (OMS) para uma ingestão adequada de iodo, estima-se que em todo o mundo um terço das crianças apresente níveis insuficientes deste mineral.
“Vários países já iniciaram programas alimentares de suplementação de iodo, mas Portugal não dispõe ainda de dados robustos nem de políticas alimentares sobre esta questão”, nota a investigadora, defendendo que é fundamental criar vontade política de resolver este “grave problema de Saúde Pública”, quer através da adoção de medidas legislativas, quer através da sensibilização da população para esta questão e da monitorização regular dos níveis de iodo e de outros nutrientes na população nacional.
O CINTESIS é uma Unidade de I&D da Universidade do Porto, com sede na Faculdade de Medicina. Agrega investigadores de outras entidades, nomeadamente do Instituto de Ciências Abel Salazar, da Escola Superior de Enfermagem, do Instituto Superior de Engenharia do Porto, da NOVA Medical School e das Universidades de Aveiro, do Algarve e da Madeira.