Uma equipa de investigadores do CINTESIS criou uma ferramenta para identificar a asma, que usa um simples sistema de pontuações. O trabalho onde esta ferramenta é apresentada à comunidade médica internacional foi recentemente publicado no The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice – uma das mais importantes revistas científicas na área da Alergia.
João Fonseca, líder da equipa de investigação do CINTESIS responsável pelo estudo e especialista em Imunoalergologia, lembra que “embora seja uma doença muito comum e muito estudada, a asma ainda não dispunha de nenhum instrumento de triagem simples e fiável, desenvolvido de forma exigente”.
A falha que este trabalho vem agora colmatar, além de dificultar a identificação de casos de asma, prejudicava a robustez dos estudos sobre esta doença e estará, até, por detrás de algumas disparidades encontradas entre a prevalência de asma reportadas por diferentes trabalhos.
“Faltava um modelo de classificação válido, que permitisse distinguir, de forma simples, as pessoas nas quais a existência de asma é provável, daquelas cuja confirmação da doença requer uma avaliação médica e das que é muito pouco provável terem asma”, explica o especialista.
Apostada em corrigir a situação, a equipa de investigação desenvolveu e validou duas pontuações para a identificação da asma em adultos. “Para isso, foram avaliados dados de mais de 700 adultos com e sem asma, de todo o país. Os doentes foram avaliados por um especialista em consulta médica estruturada e meios auxiliares de diagnóstico”, explica a investigadora do CINTESIS Ana Sá Sousa, primeira autora do trabalho.
Os dois questionários de identificação de asma desenvolvidos e agora tornados públicos demonstraram ser boas ferramentas de triagem da asma em adultos, possibilitando também, pela primeira vez, a utilização de pontuações cientificamente robustas em estudos epidemiológicos de asma.
Os questionários são curtos (com 6 ou 8 questões) e fáceis de usar, sendo o resultado dado pela soma do número de respostas positivas. A performance desta ferramenta tem entusiasmado a comunidade médica, estando já a ser planeados “novos estudos noutras populações, incluindo no sudoeste asiático”, acrescenta João Fonseca.
Recorde-se que a asma constitui um importante problema de Saúde Pública a nível mundial, afetando pessoas de todas as idades e apresentando custos avultados para os sistemas de saúde e para os próprios doentes e familiares. Só em Portugal, estima-se que a doença afete 700 mil pessoas e que custe ao Estado cerca de 550 milhões de euros por anos – 929 euros por criança e de 708 euros por adulto, valores que duplicam quando falamos de doentes com asma não controlada.