Um grupo de investigadores portugueses está à procura de 500 voluntários, homens e mulheres com idades entre os 20 e os 70 anos, da área metropolitana de Lisboa, para integrarem um estudo que tem como objetivo avaliar a eficácia de um programa de educação de hábitos alimentares na redução do consumo do sal, com impacto na saúde, em particular nos valores da pressão arterial.
O trabalho, coordenado pelos investigadores Jorge Polónia e Conceição Calhau, do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, integra o movimento “Menos Sal Portugal”, promovido por um consórcio constituído entre a CUF e a Jerónimo Martins.
As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade a nível mundial, sendo a hipertensão arterial um reconhecido fator de risco para o seu desenvolvimento. Uma das estratégias mais eficientes para a diminuição da hipertensão arterial é a redução do consumo de sal na alimentação, tendo sido consagrada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das medidas prioritárias no combate às doenças crónicas não transmissíveis.
“A OMS recomenda o consumo máximo diário de 5 g de sal para um adulto e de 3 g diárias para as crianças. No entanto, de acordo com o estudo PHYSA, o consumo diário de sal na população portuguesa é de 10,7 g, o que corresponde ao dobro do consumo máximo recomendado”, explica Jorge Polónia, coordenador desse trabalho e professor da Faculdade de Medicina da U.Porto.
É com o objetivo de solucionar este problema que esta equipa de investigação está a trabalhar. “Pretendemos testar o impacto que um programa de educação de 12 semanas poderá ter nos hábitos alimentares e nos indicadores de saúde de uma amostra da população portuguesa”, explica Conceição Calhau, especialista em Nutrição e professora da NOVA Medical School.
O programa de educação terá a duração de 12 semanas e inclui sessões de formação, uma linha telefónica permanente e aconselhamento personalizado (por nutricionistas) aos participantes durante as sua compras alimentares semanais.
“Os participantes serão aconselhados sobre formas de reduzir o sal adicionado durante a confeção das refeições (nomeadamente por ervas aromáticas e similares), aprenderão ler e interpretar os rótulos dos alimentos, optando por alimentos com menor quantidade de sal (NaCl) ou sódio (Na), e serão motivados a consumir alimentos ricos em potássio, entre outras coisas, explicam os investigadores.
Os níveis de excreção urinária de sódio (urina de 24 horas) serão medidos, no início e no final da intervenção, de modo a avaliar a variação do consumo de sal pelos participantes. Será ainda avaliada a evolução dos níveis de pressão arterial, o peso/composição corporal e o perímetro da cintura dos participantes.
“Esperamos que a mudança no estilo de vida, sobretudo os hábitos alimentares, tenham um impacto favorável na população em estudo e que as alterações observadas se traduzam em ganhos de saúde duradouros”, sintetiza Conceição Calhau.
Os voluntários serão compensados pelos gastos decorrentes das suas deslocações aos centros de monitorização/avaliação e receberão ainda vales de desconto para utilizar nas suas compras diárias de alimentos, numa cadeia de supermercados.
Os interessados em participar neste estudo devem manifestar a sua intenção, identificando o seu nome completo, idade, zona de residência e local de trabalho para o seguinte email: estudosaude2019@gmail.com.