Mulheres, idosas e com mais tempo de internamento hospitalar: são estes os doentes com pior prognóstico entre os que sofrem algum tipo de trauma, independentemente da existência de traumatismo craniano. A conclusão é de um estudo desenvolvido por investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias da Saúde, publicado no jornal Brain Injury.
O estudo é assinado por Joana Berger-Estilita e Cristina Granja, investigadoras do CINTESIS/Centro Hospitalar Universitário do Algarve, e ainda por Hernâni Gonçalves, Cláudia Camila Dias e Altamiro da Costa Pereira, desta mesma Unidade, tendo sido realizado em colaboração com investigadores Irene Aragão, do Centro Hospitalar Universitário do Porto, e Lotti Orwelius, da Universidade de Linköping, na Suécia.
Partindo de uma base de dados com cerca de 700 doentes com trauma, com idades compreendidas entre os 13 e os 100 anos, os autores deste trabalho analisaram as características de 262 sobreviventes nos seis meses posteriores ao trauma.
O objetivo foi determinar a influência do sexo, da idade, do tipo de trauma e da duração do internamento na incapacidade, na cognição (atenção, memória e componente verbal) e na qualidade de vida (mobilidade, autocuidado, atividades habituais, dor/desconforto ansiedade/depressão).
Os investigadores descobriram que cerca de metade dos sobreviventes ficam com uma incapacidade marcada, com problemas cognitivos moderados a graves e com uma baixa qualidade de vida. Os doentes com pior prognóstico são sobretudo do sexo feminino, mais velhos e com mais tempo de internamento numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e no hospital.
Neste trabalho, o grupo de investigação desenvolveu ainda o “score” GHOST (Global Health Outcome Score after Trauma), o primeiro capaz de identificar os sobreviventes de trauma que terão previsivelmente pior diagnóstico, independentemente do trauma sofrido.
A aplicação deste novo “score” pode permitir aos profissionais de saúde um melhor conhecimento das necessidades destes doentes e um planeamento da reabilitação mais adequada após o internamento em Cuidados Intensivos e à alta hospitalar.