Um grupo de investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde está a avaliar o impacto da COVID-19 nos cuidados prestados a pessoas idosas em estruturas residenciais para idosos (ERPI), residências seniores e lares de terceira idade em Portugal.
A equipa está a ouvir profissionais que trabalham neste tipo de instituições há mais de seis meses, designadamente médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, animadores, auxiliares ou assistentes operacionais e diretores técnicos, entre outros.
O objetivo é perceber o que mudou na prestação de cuidados aos idosos durante a pandemia e de que forma as organizações residenciais para pessoas idosas conseguiram dar resposta às necessidades dos seus utentes.
“A situação pandémica atual tem o seu potencial para causar alterações profundas na qualidade dos cuidados gerontológicos. Pretendemos descrever o impacto da pandemia na perceção dos profissionais acerca dos cuidados prestados”, explicam Maria Miguel Barbosa e Rosa Marina Afonso, do CINTESIS e da Universidade da Beira Interior (UBI).
Adicionalmente, dizem, “queremos compreender de que forma as experiências e práticas atuais podem ser potenciadas no sentido de promover um conjunto de soluções passíveis de aplicação durante o período da pandemia”.
Vulnerabilidades exacerbam-se com a pandemia
Os participantes terão de responder a um questionário online, no qual são avaliados aspetos como o perfil dos profissionais desta área, as características das instituições e os cuidados prestados nesta fase, comparativamente ao período pré-pandémico.
Pretende-se saber, nomeadamente, se houve uma alteração das dinâmicas dos cuidados prestados, se estes se tornaram mais assistencialistas, se existiu um impacto na centralização dos cuidados nas pessoas idosas e se ocorreram alterações ao respeito pelos seus direitos (como o direito à autodeterminação).
“A nossa motivação radica sobretudo no empenho e investimento na prestação de cuidados dignos e de qualidade a pessoas idosas, um grupo que, tendencialmente, possui características de vulnerabilidade, exacerbadas significativamente pela pandemia”, explicam.
As investigadoras confessam-se apreensivas. “Este contexto preocupa-nos e inquieta-nos tanto em relação aos residentes em organizações gerontológicas como aos profissionais dessas unidades, numa situação que tem sido extremamente exigente e alarmante. Acreditamos que, como investigadores, temos a responsabilidade de nos adaptar à atualidade e temos a missão de descrever e dar respostas às novas e reais necessidades da área da Gerontologia”, afirmam.
A recolha dos dados deverá ser feita até ao final do mês de julho e os resultados preliminares poderão ser conhecidos em setembro. Prevê-se ainda a realização de um webinar destinado aos profissionais.
Além de Maria Miguel Barbosa (CINTESIS/Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, CICS-Universidade da Beira Interior e FCT) e Rosa Marina Afonso (CINTESIS/UBI), a equipa integra Javier Yanguas (Fundación Bancaria “La Caixa”) Constança Paúl e Laetitia Teixeira (CINTESIS/ICBAS).
O questionário pode ser acedido aqui.
Mais informações: mariabarbosa@fcsaude.ubi.pt