Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS, juntamente com o CITEVE, analisou diferentes tipos de têxteis quanto à sua capacidade de filtração de partículas e respirabilidade (ou permeabilidade ao ar), tendo em vista o fabrico de máscaras para uso comunitário.
A análise foi realizada a uma amostra de 49 têxteis, incluindo opções de tecidos comummente acessíveis. Foram seguidos métodos validados pelo INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde para a avaliação deste tipo de tecidos, cuja utilização se generalizou, nas últimas semanas, devido à pandemia de COVID-19.
Publicados no jornal científico Respirology, os resultados estão disponíveis online e podem ser consultados, de forma interativa, num site desenvolvido por este grupo de investigadores (http://simtestcovid.gim.med.up.pt/mask/).
Os dados fornecidos apontam para importantes diferenças entre os vários tipos de materiais utilizados nas máscaras, nomeadamente quanto à respetiva capacidade de retenção de partículas e de respirabilidade.
“Na ausência de uma máscara certificada, o tecido-não-tecido e o tecido jersey de algodão (do tipo T-shirt), em dupla camada, correspondem às melhores opções para cobertura do nariz e boca, tanto no que respeita à filtração de partículas como à permeabilidade ao ar”, explicam.
O objetivo dos autores é chamar a atenção para a importância das propriedades dos materiais utlizados na confeção destas máscaras e contribuir para a definição de recomendações que garantam uma proteção mais efetiva contra a infeção por SARS-CoV-2.
De acordo com Bernardo Sousa Pinto (investigador FMUP/CINTESIS e primeiro autor do estudo), “existe cada vez maior evidência de que o uso generalizado de máscara ajuda a diminuir o risco de transmissão de infeção”.
Nesse sentido, “embora as máscaras de uso comunitário não confiram a proteção necessária para contextos de maior risco de transmissão do novo coronavírus (como no caso dos profissionais de saúde), estas devem ser usadas de forma generalizada por indivíduos assintomáticos, nas suas atividades diárias”.
O estudo teve igualmente a participação de Ana Paula Fonte e Antónia Andrade Lopes (CITEVE) e de João Fonseca, Altamiro da Costa Pereira e Osvaldo Correia (FMUP/CINTESIS).