Viver ou morrer: o que desejar aos 100 anos ou mais? Foi esta a pergunta que uma equipa do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde procurou responder, tendo por base 121 idosos centenários, dos quais 16% eram homens e 40,5% estavam institucionalizados.
Os resultados do estudo “To Live or Die: What to Wish at 100 Years and Older”, publicado no Frontiers in Psychology, indicam que a família e a crença em Deus (na “vontade de Deus”) são algumas das principais motivações para os centenários que querem continuar a viver.
“Nos portugueses, o sentido da vida está muito relacionado com a família e com a religião/espiritualidade. As pessoas que querem continuar a viver são aquelas que estão mais satisfeitas com a sua vida e não tanto as que estão em melhores condições em termos de saúde física”, afirma Lia Araújo, primeira autora deste trabalho.
Por outro lado, a falta de sentido para a vida, o sentimento de inutilidade, a desconexão e a solidão são as razões mais comuns dadas pelos idosos centenários que não querem mais viver.
Nesta amostra de centenários portugueses, 31,4% afirmaram o desejo de viver mais tempo, enquanto 30,6% não têm essa vontade. Em 38% dos idosos, a sua posição não era clara.
“Embora as pessoas ambicionem por uma vida longa, a percentagem de pessoas com 100 anos ou mais que quer efetivamente viver é semelhante à percentagem das que não querem”, observa a investigadora do CINTESIS e professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu (IPV).
Espera-se que estes resultados possam contribuir para uma melhor compreensão do que pensam as pessoas com longevidade excecional, particularmente sobre os motivos que as fazem querer continuar a viver em idades tão avançadas.
Este estudo decorre do projeto PT100 Centenários, no âmbito do CINTESIS, e tem também como autores Laetitia Teixeira (CINTESIS/IPV), Rosa Marina Afonso (CINTESIS/Universidade de Beira Interior) e Oscar Ribeiro (CINTESIS/Universidade de Aveiro).