O CINTESIS marcou uma forte presença nas I Jornadas de Nutrição do Serviço de Nutrição e Alimentação do Centro Hospitalar do Porto, que decorreram no dia 2 de março, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), sob o lema “Da Evidência às Boas Práticas em Nutrição Clínica”.
O evento, apoiado pelo CINTESIS, contou com mais de 200 inscritos e com a participação de Pedro Graça, em representação do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, e de Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas, além do diretor do Serviço de Nutrição do CHP, Fernando Pichel, e do representante do Conselho de Administração do CHP, Paulo Paiva.
Júlio César Rocha (da comissão organizadora), Conceição Calhau e Nuno Borges foram os investigadores do CINTESIS em destaque nesta primeira edição, onde se debateu a necessidade de construir uma evidência científica robusta em Nutrição. “Quando falamos em nutrição e alimentação, é difícil encontrar quem não se julgue expert na matéria. A intervenção do nutricionista deve ter como alicerce a ciência. É preciso distinguir a verdade científica do mito que se propaga rapidamente”, sublinhou.
De acordo com o investigador, que estuda na área das doenças hereditárias do metabolismo, “infelizmente, é mais fácil propagar uma mentira à velocidade da luz do que fazer chegar o resultado da evidência científica à população. Temos de fazer ciência e de a comunicar com o máximo rigor, não deixando que a desinformação mine os alicerces do nosso trabalho”.
Também Conceição Calhau, investigadora do CINTESIS, falou sobre a importância da evidência científica em Nutrição, enunciando os passos essenciais que os profissionais devem percorrer para interpretar e validar a informação disponível. A nutricionista e docente da NOVA Medical School apresentou ainda alguns resultados de trabalhos realizados em uma das suas áreas de eleição: a relação entre microbiota, neuroinflamação e depressão, antevendo novas abordagens no tratamento desta doença no futuro.
Coube a outro investigador do CINTESIS falar sobre mitos em alimentação. Dos vários possíveis, Nuno Borges elegeu a moda da dieta sem glúten. “É incrível a quantidade de pessoas que me perguntam se devem deixar de comer glúten porque ouviram dizer que faz mal à saúde”, afirmou o também docente da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP).
Lembrando que a restrição de glúten está indicada apenas para os doentes celíacos, que representam cerca de 0,7% da população, o nutricionista chamou a atenção para um mercado em crescimento, no valor de vários milhões de euros, que cresce de ano para ano, sendo que começam a surgir estudos que mostram os efeitos deletérios deste tipo de dieta, incluindo carências nutricionais.
Nestas I Jornadas foram também debatidos temas como a avaliação do estado nutricional, as doenças hereditárias do metabolismo proteico ou o impacto da dieta cetogénica. Entre os oradores estavam nomes como os de Flora Correia (CHP), Rita Guerra (UFP), Teresa Freitas do Amaral (FCNAUP), Esmeralda Martins (CHP), Patrícia Janeiro (CHLN) e Anita MacDonald (Birmingham Children’s Hospital), Ana Faria (HPC), Carla Vasconcelos (CHSJ) e Diana Silva (CHSJ).