Rui Nunes, investigador do CINTESIS e professor da FMUP, foi o primeiro a falar, no Auditório da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), onde abordou o futuro da saúde em Portugal. “A saúde tem de ser pensada muito mais além, sem esquecer o seu impacto em grande plano, nomeadamente na União Europeia, principalmente depois de um período de pandemia como aquele que vivemos.”, explicou o investigador do CINTESIS.
Já Altamiro da Costa Pereira, coordenador do CINTESIS e diretor da FMUP, destacou o desafio da coordenação entre os serviços de saúde público e privado, realçando o papel da Faculdade de Medicina na formação de novos médicos e, consequentemente, na saúde nacional. “Temos bons profissionais, cada vez melhores, mas é preciso melhorar o sistema [nacional de saúde], mudar o que é necessário mudar e manter ou retomar aquilo que não deveria ter sido alterado”, apontou.
No primeiro debate, Rui Nunes destacou que “em Portugal não existe muito a tradição de se abrir à sociedade civil para tomar decisões”, e realçou que, para construir uma melhor saúde, “é necessário ouvir especialistas e as pessoas ligadas ao setor”, processo que poderá garantir “uma organização de todos os seus setores, de forma a garantir a melhoria da saúde”, explicou Helena Alves, presidente do Colégio de Especialidade de Imunohemoterapia.
Seguiu-se a discussão sobre a sustentabilidade do sistema de saúde, com moderação de Guilhermina Rego, investigadora do CINTESIS e professora da FMUP. Isabel Vaz, presidente da Comissão Executiva da Luz Saúde, destacou que 50% da população portuguesa tem seguro de saúde, algo que, de acordo com a mesma, “tem um impacto enorme na economia e que deveria permitir que os cidadãos escolhessem quem gere a sua saúde”.
O antigo secretário de Estado, José Carlos Lopes Martins, referiu que é necessário separar as entidades compradoras, garantir a autonomia de atuação das infraestruturas de saúde e reformular a gestão dos recursos humanos, tendo como objetivo a garantia do desenvolvimento e da reforma do sistema de saúde. A garantia de “melhores remunerações e melhor organização do SNS” também foi defendida por Luís Filipe Pereira, ex-ministro da Saúde.
Rui Guimarães, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho, sugeriu que, a nível nacional, seja adotado um pagamento por resultados e uma política de promoção da saúde.
Os trabalhos reiniciaram da parte da tarde com o debate “Integração e referência no sistema de saúde”, moderado por João Fonseca, investigador CINTESIS e professor da FMUP, e que contou com a participação de Martins Nunes, antigo secretário de Estado da Saúde, José Bento, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Cascais, e Ana Paula Martins, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria. A evolução do SNS, da oferta privada e os desafios de gestão dos hospitais públicos foram os temas debatidos nesta sessão.
Relativamente à “Inovação e equidade”, António Vaz Carneiro, presidente do Instituto da Saúde Baseada na Evidência, e Maria João Baptista, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, refletiram sobre o impacto da inovação na saúde.
O Fórum Nacional da Saúde encerrou com a intervenção de José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna.