Uma equipa do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde/Universidade de Aveiro está a participar num projeto europeu inovador na área da solidão e do isolamento social dos mais velhos.
O projeto chama-se “MOAI LABS: Laboratórios de Inteligência Coletiva e Tecnologia Social e de Saúde para combater o isolamento e a solidão das pessoas idosas” e surge em plena pandemia de COVID-19, numa altura em que este tema se coloca com especial acuidade.
“A pandemia de COVID-19 alertou a sociedade para a necessidade de cuidar melhor dos mais velhos e vulneráveis”, alertam os investigadores do CINTESIS.UA, Oscar Ribeiro (investigador principal), Liliana Sousa e Sara Guerra.
De acordo com os especialistas, “as medidas de isolamento e distanciamento social têm tido graves repercussões para os mais velhos que se sentem particularmente sozinhos e/ou vivem isolados. Hoje, mais do que nunca, é urgente encontrar soluções”. Sabe-se que a solidão experimentada pelos mais velhos implica um risco aumentado de morte prematura, deterioração da saúde física e mental, declínio físico e cognitivo e perda de qualidade de vida.
“Living Labs” constituem abordagem inovadora
Financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), no âmbito do programa INTERREG SUDOE, o MOAI LABS tem como grande objetivo criar o primeiro laboratório transnacional europeu especializado em solidão e inovação aberta.
“Estamos muito motivados com este projeto, que procurará usar uma abordagem inovadora (os “living labs”) para caracterizar a solidão e isolamento dos mais velhos, perceber os desafios que vivem e, com eles, procurar soluções digitais que ajudem a promover a sua participação social”, explicam os investigadores.
Estes “living labs”, dizem, vão incluir grupos de pessoas que vivenciam estes fenómenos (sentir-se sozinho ou viver isolado) – os chamados “experts by experience”. São pessoas que vão “trabalhar” connosco desde o início, para nos ajudar a compreender melhor o fenómeno, os desafios que vivem e a desenvolver soluções ajustadas às suas necessidades, situação e expectativas”.
Em resumo, trata-se de “uma abordagem colaborativa, assente num processo de co-design, que procura o envolvimento destas pessoas desde o início (pensando em conjunto nas “soluções”) até ao final (testagem/experimentação dos produtos que vamos desenvolver)”.
Estão, assim, previstas diferentes fases, a começar pela análise do fenómeno da solidão e de “proposta de desafios tecnológico-sociais”. Segue-se uma fase de “geração colaborativa de soluções e aceleração ao mercado”. Finalmente, deverá ser feita a análise do seu impacto nas pessoas, na comunidade e nas políticas.
Com um montante global de quase um milhão e meio de euros, o MOAI LABS tem uma duração de 27 meses, prolongando-se até ao início de 2023. O projeto envolve parceiros de Espanha (Fundación INTRAS, Gerencia de Servicios Sociales de Castilla y León, FUNGE Formación y Empleo, LEITAT e Ticbiomed), França (Institut des Métiers de la Longévité e Mutualité Française Limousine) e Portugal (CINTESIS/Universidade de Aveiro e INOV INESC Inovação), tendo o CINTESIS.UA como colaboradores diretos o CASO50+, o Instituto Superior de Serviço Social do Porto (ISSSP), o Porto4Ageing e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.