Descansar entre turnos, manter os contactos sociais, verbalizar os sentimentos e fazer uma alimentação saudável são estratégias que se associam a menores níveis de stress, ansiedade e sintomas depressivos entre os enfermeiros portugueses.
Esta é uma das conclusões de uma equipa de investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde que está a acompanhar a evolução da saúde mental dos enfermeiros durante a pandemia de COVID-19. Os cientistas, também eles enfermeiros, estão à procura de fatores que possam ser protetores ou que, pelo contrário, possam estar relacionados com uma pior saúde mental nesta conjuntura.
Dados preliminares indicam que, entre os enfermeiros, ser mulher e ser jovem são fatores preditivos de mais stress, mais ansiedade e mais sintomas depressivos, o que está em linha com resultados obtidos na população geral. Os enfermeiros do sexo masculino e os mais velhos, assim como os especialistas em Saúde Mental e Psiquiátrica, são os que reportam níveis mais baixos de sintomas.
De acordo com Francisco Sampaio, investigador do CINTESIS, os enfermeiros que usam sempre ou frequentemente algumas estratégias, nomeadamente descansar entre os turnos de trabalho e recorrer a uma alimentação saudável, são também os que menos se queixam de stress, ansiedade e sintomas depressivos.
Do mesmo modo, manter os contactos sociais e verbalizar sentimentos e emoções com frequência parece ajudar a prevenir problemas de saúde mental entre estes profissionais de saúde.
Curiosamente, os enfermeiros que gastam menos tempo à procura de informação sobre a COVID-19 são os que dizem estar menos stressados, menos ansiosos e menos deprimidos.
Ainda de acordo com aquele investigador, cerca de 38% dos enfermeiros ouvidos admitiram que procuravam informação durante mais de duas horas por dia, o que se associa, sobretudo, a níveis mais elevados de stress.
Os dados foram obtidos através de um questionário online realizado entre os dias 31 de março e 14 de abril, abrangendo um total de 821 enfermeiros, com uma média de 39 anos de idade, dos quais 81% eram do sexo feminino. O estudo conta também com a participação de Carlos Sequeira e de Laetitia Teixeira e deverá prolongar-se até ao final da pandemia.