“É fundamental transportar os cuidados paliativos para o lugar que eles efetivamente merecem”, afirmou Rui Nunes, investigador principal do Grupo ManEthics, do CINTESIS, no 1º Seminário Nacional de Cuidados Paliativos, que se realizou a 26 e 27 de maio, no Porto, com o apoio desta Unidade de I&D.
Segundo o professor catedrático e responsável pelo Programa Doutoral em Cuidados Paliativos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, “todos somos poucos” na construção deste projeto, que tem ainda “um longo caminho pela frente”. Por isso, o também diretor mundial do Departamento de Investigação da Cátedra de Bioética da UNESCO considera que é essencial a participação do CINTESIS e do MEDCIDS – Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da FMUP.
Também para Altamiro da Costa Pereira, coordenador do CINTESIS e diretor do MEDCIDS, “é fundamental a confluência de profissionais, não só médicos, mas também enfermeiros, psicólogos, informáticos, estatistas, farmacêuticos, entre outros, que se encontram em unidades de investigação como o CINTESIS, que tem estado a apoiar muito este Programa Doutoral”.
Para o responsável, a interdisciplinaridade e a simbiose entre diferentes profissionais e instituições irão permitir que esta área se desenvolva, do ponto de vista prático, “com qualidade, humanismo e ciência”.
A diretora da FMUP, Amélia Ferreira, reconheceu, de resto, o papel do departamento no desenvolvimento de investigação nesta área, que considerou “dramaticamente importante para a população”.
Como deu conta Carlos Moreira, coordenador regional da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, o Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2017-2018 prevê cuidados paliativos especializados, acessibilidade em todos os níveis de cuidados de saúde e investimento na investigação e formação, incluindo na pós-graduação de profissionais de saúde.
Em vários países, conforme referiu Carlos Vital, Presidente do Conselho Federal de Medicina do Brasil, a Medicina Paliativa é já uma especialidade médica, estando comprovado que diminui os custos em saúde, além de melhorar a qualidade de vida dos doentes terminais. Em Portugal, é reconhecida como uma Competência pela Ordem dos Médicos. “O médico é um cuidador do Homem e deve dar mais vida aos anos e não apenas mais anos à vida”, considerou.
Dirigido essencialmente a estudantes de mestrado e doutoramento, este Seminário permitiu a discussão de alguns temas muito atuais, como as diretivas antecipadas de vontade, a eutanásia e a distanásia, que têm em comum o facto de manipularem o momento da morte (no primeiro caso, atrasando-o; no segundo, antecipando-o). A propósito, Paulo Maia, médico e docente, salientou a importância de promover a ortotanásia, que implica uma morte natural, sem manipulação, e deixou um apelo para tirar Portugal do 38º lugar que ocupa nos cuidados de fim de vida e trazê-lo para o primeiro lugar, como fez com o futebol e, mais recentemente, com a música.