Especialistas do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) alertam para os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre as pessoas com doenças respiratórias crónicas que precisam de reabilitação respiratória.
“É urgente aumentar o acesso dos doentes a programas de reabilitação respiratória e os programas de telerreabilitação poderão ajudar. Nesta nova normalidade, a reabilitação à distância pode ser uma ferramenta útil, desde logo, para chegar aos doentes que vivem longe dos centros existentes a nível nacional”, exorta Cristina Jácome, primeira autora de uma “Letter” publicada na revista científica Pulmonology.
Em Portugal, a percentagem de doentes com acesso a programas de reabilitação respiratória está entre os 0,5 e os 2%. “Esta situação já era muito preocupante, mas agravou-se ainda mais com a COVID-19. Isso deve-se não só à interrupção dos programas, mas também ao aumento do número de doentes com problemas respiratórios”, explica.
De acordo com a investigadora da FMUP/CINTESIS, uma das soluções passou e deverá continuar a passar pela implementação de sessões de reabilitação à distância. A ideia é combinar o conhecimento prévio e a experiência acumulada durante a pandemia de COVID-19 para dar um passo em frente e avançar com programas de telerreabilitação.
Faltam orientações
Os estudos existentes mostram que é possível executar estes programas com poucos recursos em casa dos doentes e com resultados semelhantes. Segundo os investigadores, faltam agora orientações específicas para a implementação de telerreabilitação respiratória, tal como já existem para outras áreas da saúde.
Essas orientações, diz a especialista, “terão de emergir de um esforço conjunto da tutela e das diferentes sociedades científicas e profissionais envolvidas na prestação destes cuidados, prevendo a segurança dos doentes e a manutenção da multidisciplinaridade das equipas como “um pilar fundamental”.
Integrando componentes como o treino de exercício, educação e alterações comportamentais, os programas de reabilitação respiratória melhoram os sintomas e têm resultados positivos nos domínios fisiológicos e psicossociais em pessoas com doenças do foro respiratório muito prevalentes, como a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou o cancro do pulmão.