O Congresso de Medicina Preventiva está a decorrer entre os dias 5 e 7 de julho, numa organização do MEDCIDS – Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com o apoio do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.
A sessão de abertura contou com a presença de Paulo Santos, presidente do Congresso, de Altamiro da Costa Pereira, diretor do MEDCIDS e coordenador do CINTESIS, de Luciana Couto, representante da Ordem dos Médicos, de Pimenta Marinho, presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS/Norte), e de Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).
No seu discurso, Altamiro da Costa Pereira não deixou de notar que a plateia deste Congresso de Medicina Preventiva era sobretudo composta por pessoas da área da Medicina Geral e Familiar (MGF) e que os mais jovens estavam em larga maioria. E foi a esta nova geração de especialistas ou internos de MGF que lançou o primeiro de três apelos, ao qual chamou “o apelo geracional”, para que seja “mais ativa” e tenha uma “voz própria”, alicerçada na tecnologia, mas “sensata e humanista”.
O segundo apelo foi no sentido de que a academia procure uma “simbiose” com quem está no terreno “para que o conhecimento acabe por prevalecer sobre a charlatanice”. O responsável mostrou-se apreensivo com o avanço de tendências “mercantilistas” contrárias à ciência e perigosas para a saúde da população.
O terceiro e derradeiro apelo foi para que, por via do “casamento” entre o conhecimento e a prática, se consiga ir “rumo a uma sociedade mais educada, mais saudável e mais sustentável”.
Já antes o presidente da ARS/Norte havia citado o responsável do MEDCIDS/CINTESIS quando este salientava a importância da articulação entre a investigação e a prática médica, enquanto Luciana Couto, em representação do bastonário da Ordem dos Médicos, manifestava a sua satisfação por se ter dado continuidade à tradição deste tipo de encontros, de que as Jornadas de Fatores de Risco e Orientações Clínicas em Cuidados de Saúde Primários, que a própria liderou, foram precursoras.
Quanto ao presidente deste Congresso, frisou que a Medicina Preventiva deve constituir-se como uma “medicina global”, que implica “um esforço de educar para melhorar as competências dos cidadãos em saúde”.
Conforme recordou o (também) investigador principal do grupo de investigação PrimeCare, do CINTESIS, Portugal continua a ter excelentes indicadores de saúde em algumas áreas, como a mortalidade infantil, classicamente apontada como um exemplo. No entanto, há outros indicadores em que Portugal está abaixo de outros países. Para Paulo Santos, uma das causas é o subfinanciamento, desde logo na área dos cuidados preventivos. “É preciso arranjar mais dinheiro para a saúde e apostar em verdadeiras políticas de saúde em vez de políticas de doença”, afirmou, numa alusão a alguns dos desafios que se colocam ao nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS), prestes a completar 40 anos.
Outro dos momentos altos do primeiro dia de trabalhos foi a conferência proferida por Rui Cernadas e presidida por Altamiro da Costa Pereira. O programa, que se estende até 7 de julho, inclui ainda temas como a prevenção cardiovascular (hipertensão, diabetes, dislipidemia), a prevenção do cancro, a vacinação, as doenças respiratórias, as infeções sexualmente transmissíveis, as questões de saúde do idoso, a saúde mental, a saúde oral, a literacia em saúde e a prevenção quaternária.