Os jornalistas assumiram um papel fulcral no combate à pandemia de COVID-19, numa lógica de serviço público que pode ter contribuído para o controlo da pandemia em Portugal.
Esta é uma das conclusões de um estudo desenvolvido por um grupo de investigadores da Universidade do Minho, que contou com a participação do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.
A equipa realizou o primeiro inquérito sobre o impacto da COVID-19 em Portugal, tendo auscultado 200 jornalistas, entre jornalistas de saúde, editores, coordenadores e diretores de órgãos de comunicação social nacionais.
Os resultados indicam que os jornalistas procuraram orientar os comportamentos dos cidadãos através de textos noticiosos, infografias e caixas explicativas, em particular durante o estado de emergência. O objetivo era tornar a informação mais simples e acessível à população, incluindo o público menos instruído.
Os jornalistas admitem que encontraram alguns obstáculos à sua tarefa, com destaque para “o crescendo de informação falsa”, testemunhado por 87% dos jornalistas, editores/coordenadores.
A triagem da informação credível foi mesmo a principal dificuldade apontada pelos inquiridos. Para a ultrapassar, a estratégia passou por cruzar fontes de informação e o recurso a fontes oficiais ou especializadas.
“Esta necessidade de explicações adicionais pode justificar o elevado número de especialistas e académicos que surgiram no espaço público, contribuindo para a qualidade do debate”, realça Olga Magalhães, do CINTESIS.
Em declarações sobre o estudo, a investigadora sublinha a importância da especialização dos jornalistas na área da saúde.
Coordenado por Felisbela Lopes, o inquérito contou ainda com a participação de Rita Araújo e Alberto Sá. O projeto de investigação continuará a analisar a cobertura jornalística feita à COVID-19.