“A investigação deve ser vista como uma mais-valia para a prestação de cuidados de excelência em Enfermagem”, afirmou Carlos Sequeira, investigador principal do Grupo NursID, do CINTESIS, na abertura do Seminário Internacional de Investigação em Enfermagem de Saúde Mental, que decorreu entre 12 e 13 de junho, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto.
O responsável entende que a investigação em Enfermagem é fundamental para melhorar a resposta do próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS), designadamente no que respeita ao tratamento da doença mental com uma base científica e em fases cada vez mais precoces.
“Portugal é o país europeu com maior prevalência de doença mental. Cerca de 12% das pessoas em todo o mundo têm uma doença mental, mas apenas um quarto recebe tratamento e só 10% têm o tratamento considerado adequado, isto é, suportado pela evidência científica”, afirmou o também presidente da Sociedade Portuguesa de Enfermagem em Saúde Mental e docente da Escola Superior de Enfermagem (ESEP)”.
Para o investigador do CINTESIS, “as pessoas com doença mental têm direito a cuidados suportados pela melhor evidência científica. Vivemos num mundo em que parece que tudo faz efeito! O enfermeiro tem obrigação de dizer ao doente que uma determinada intervenção não está validada cientificamente. Nesse sentido, a investigação deve ser a primeira e a última linha de atuação”.
Mas não basta investigar. “É preciso casar o que a investigação produz com as intervenções validadas pelo Ministério da Saúde e as intervenções têm de ser financiadas porque senão os hospitais não vão querer fazê-las. Não vale a pena validar uma intervenção terapêutica se ela não puder ser usada na prática”, disse Carlos Sequeira, lembrando que “intervenções mais eficazes proporcionam ganhos em saúde”.
Na abertura do Seminário de Investigação em Saúde Mental esteve também Corália Vicente, investigadora do CINTESIS e coordenadora do Programa Doutoral em Ciências da Enfermagem do ICBAS, criado com o objetivo de promover o desenvolvimento de competências em Ciências da Enfermagem e reforçar o papel dos enfermeiros nas equipas de saúde multidisciplinares, estabelecendo pontes entre as práticas no cuidar, a investigação e a docência. Segundo a professora catedrática, “o ICBAS é parte interessada para que a enfermagem tenha um pé bem forte na Universidade do Porto”.
Durante este evento foram ainda apresentados pósteres científicos com os trabalhos de alunos de doutoramento de Espanha e Portugal, entre os quais vários investigadores do CINTESIS.