O Dia Mundial da Saúde, que se assinala a 7 de abril, foi dedicado, este ano, à depressão. O lema lançado pela Organização Mundial de Saúde é Depressão. Vamos falar!” (Depression: Let’s talk). Carlos Sequeira é um dos investigadores do CINTESIS que mais têm estudado e falado sobre os problemas existentes em Portugal nesta área.
O investigador alerta para a falta de continuidade nos cuidados prestados às pessoas com doença mental, nomeadamente a nível da Enfermagem, realçando a necessidade de implementar “respostas de base comunitária de maior proximidade” para “minimizar o impacto da crise financeira e social na saúde mental dos portugueses”.
Num artigo de reflexão publicado na Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, o Coordenador do grupo Inovação & Desenvolvimento em Enfermagem (IDE) – CINTESIS e professor da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) afirma que “a crise revelou as fragilidades e a falta de preparação dos sistemas de saúde para lidar com os problemas sociais, que frequentemente constituem risco para o surgimento de psicopatologia”.
O responsável critica, sobretudo, “a falta de articulação estruturada entre as diferentes respostas, nomeadamente entre departamentos de Psiquiatria dos Hospitais, Unidades de Saúde Familiar (USF), Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) e Unidades de Saúde Pública (USP)”.
Para o investigador, é fundamental desenvolver estratégias de minimização das consequências das desigualdades económicas na população. Nesse sentido, defende a necessidade de “melhorar as respostas e o acompanhamento à pessoa com doença mental após a alta clinica, de forma a evitar o número sucessivo de reinternamentos e promover uma integração plena da pessoa na comunidade”.
É sabido que a doença mental está associada ao aumento do número de suicídios, de distúrbios relacionados com o álcool e da prevalência de depressão. “Há investigação que sugere, por exemplo, diferenças na estrutura cerebral das crianças que vivem em situação de pobreza”, contribuindo para “um menor desenvolvimento cognitivo”, pode ler-se no artigo.
De acordo com dados da Direção-Geral de Saúde, Portugal tem uma tem uma das taxas mais elevadas de perturbação psiquiátrica (22,9%), sendo que as perturbações da ansiedade (16,5%) e as perturbações depressivas (7,9%) são as mais relevantes.