Uma equipa de investigadores do CINTESIS, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Universitário de São João está a participar em ensaios clínicos com dois grupos de medicamentos promissores no tratamento da insuficiência cardíaca.
Os resultados dos ensaios são, para já, bastante positivos. Ambos os medicamentos estudados – os ARNis – inibidores de neprisilina e dos recetores da angiotensina e os inibidores do cotransportador sódio-glicose – conseguiram diminuir a mortalidade e o internamento nestes doentes.
O ensaio PARADIGM-HF (Prospective Comparison of ARNI [Angiotensin Receptor–Neprilysin Inhibitor] with ACEI [Angiotensin-Converting–Enzyme Inhibitor] to Determine Impact on Global Mortality and Morbidity in Heart Failure Trial) veio demonstrar a eficácia dos ARNis no tratamento da insuficiência cardíaca.
José Silva Cardoso, que coordenou o estudo em Portugal, explica que os ARNis se mostraram superiores face aos fármacos convencionais, reduzindo o risco de morte cardiovascular ou hospitalização por insuficiência cardíaca em 20%.
O investigador do CINTESIS, professor da FMUP e médico cardiologista, realça também os resultados positivos obtidos com os inibidores do cotransportador sódio-glicose.
Estes fármacos, usados já no tratamento da diabetes, provaram reduzir a mortalidade e os internamentos na insuficiência cardíaca, nomeadamente nos estudos DAPA-HF e EMPEROR-Reduced, publicados no New England Journal of Medicine.
Deverão ser publicados, entretanto, resultados de dois ensaios sobre a eficácia destes fármacos na capacidade funcional destes doentes, ambos com a participação da equipa do CINTESIS/FMUP.
“Os resultados destas investigações mostram-nos que há outros caminhos que devemos explorar na prática clínica, para benefício dos doentes”, afirma José Silva Cardoso.
O investigador diz, contudo, que ainda é possível fazer mais pelos doentes com insuficiência cardíaca. “A investigação científica nesta área não pode parar. Estamos a falar de uma doença que atinge em Portugal mais de 400 mil pessoas, sendo fortemente incapacitante e causando uma grande deterioração da qualidade de vida. É a primeira causa de internamentos acima dos 65 anos”, refere.
Estes e outros temas serão abordados no “Advances in Heart Failure”, reunião organizada pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que decorrerá online, nos dias 18 e 19 de setembro.