Há um novo “plano” europeu para melhorar os cuidados de saúde às pessoas com hipertensão arterial, um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, como enfarte e acidente vascular cerebral (AVC).

O MASTER plan foi desenvolvido pela Sociedade Europeia de Hipertensão, no âmbito das Orientações de 2024. O documento tem como um dos principais autores Jorge Polónia, investigador do CINTESIS@RISE, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e Especialista Europeu nesta área.

Publicado no European Journal of Internal Medicine, o principal objetivo deste novo plano é aumentar a adesão dos doentes aos tratamentos e combater a “inércia médica” na hora de receitar os medicamentos.

“O diagnóstico e controlo da hipertensão arterial têm obrigatoriamente de melhorar. Temos forçosamente de aumentar a adesão ao tratamento, promover a literacia dos doentes e facilitar a prescrição”, apela Jorge Polónia.

Como sublinha, “a hipertensão arterial é o principal fator de risco modificável das principais causas de morte e morbilidade em todo o mundo. Apesar da qualidade das ferramentas disponíveis para o seu controlo, a percentagem de doentes controlados continua a ser inferior a 40%”.

Ao traçar as orientações e avanços mais recentes de modo “resumido” e “eminentemente prático”, este plano promete “facilitar a abordagem centrada em cada doente” e o “reforço da interação doente-profissional de saúde”.

De acordo com Jorge Polónia, a abordagem da hipertensão arterial na prática clínica deve ser “individualizada”, com especial atenção ao idoso acima dos 80 anos de idade. Nestes casos, explica, é fundamental “individualizar a estratégia com base em fatores como a sua autonomia, fragilidade, dependência e estado cognitivo”.

Outro destaque deste MASTER plan é o papel atribuído às “novas tecnologias interativas de registo e de avaliação do diagnóstico e da resposta à terapêutica”, bem como à autoavaliação por parte dos doentes, algo que exigirá uma grande aposta no aumento da literacia em saúde da população.

Pretende-se ainda simplificar a prescrição, promover o acesso a estratégias de prevenção e tratamento e envolver os vários profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas, entre outros) no seguimento do doente.

Além de investigador do CINTESIS@RISE e professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Jorge Polónia é especialista e consultor sénior de Hipertensão na Unidade de Hipertensão do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e especialista europeu de Hipertensão Clínica, tendo sido igualmente coautor das Guidelines de 2013, 2018 e 2023 da Sociedade Europeia de Hipertensão.