Acaba de ser criado o primeiro grande Laboratório Associado dedicado à investigação clínica e de translação em Portugal: o RISE – Rede de Investigação em Saúde. O anúncio foi feito pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
A missão do novo Laboratório será fortalecer a investigação em saúde, desde os estadios pré-clínicos e clínicos até ao nível da comunidade, nomeadamente através da saúde digital, juntando Universidades e prestadores de cuidados de Saúde, no âmbito dos objetivos da política nacional para a Ciência e a Tecnologia. “Pretendemos criar e desenvolver um ambiente focado na investigação em equipa, onde as descobertas serão rápida e eficientemente implementadas para melhorar a saúde humana”, explica Fernando Schmitt, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que vai assumir a coordenação do RISE.
“A criação deste Laboratório Associado vem colmatar uma falha há muito sentida na investigação em saúde no nosso país, pois irá permitir uma melhor articulação entre a Academia, Hospitais e Centros de Saúde, visando colocar os resultados da investigação clínica e de translação ao serviço dos doentes e da sociedade em geral. Acresce que o modelo organizativo preconizado é bastante inovador, pois o RISE será gerido de uma forma descentralizada e em rede, permitindo assim uma maior eficiência na gestão dos recursos disponíveis e facilitando a realização de estudos multicêntricos e multidisciplinares”, acrescenta Altamiro da Costa Pereira, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
O RISE distingue-se ainda por unir, pela primeira vez, as Faculdades de Medicina do Porto e de Lisboa num projeto desta dimensão. De acordo com Fausto Pinto, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), “o RISE é absolutamente pioneiro em Portugal na área da investigação clínica e de translação, mostrando que é possível criar uma estrutura forte nesta área, competitiva no panorama internacional, reforçando, assim, a visibilidade e credibilidade externa da ciência médica portuguesa. Tal só foi possível devido ao juntar de esforços e vontades de grandes instituições universitárias, como é o caso da FMUL e a FMUP, reforçando, assim, o impacto que estruturas como a ora criada, podem ter, usufruindo das complementaridades dos parceiros que a geraram”.
Constituído por cinco grandes linhas de investigação (Ciências Cardiovasculares, Oncologia, Doenças Inflamatórias e Degenerativas, Políticas de Saúde, Tecnologia e Transformação Digital, Saúde Comunitária e Desafios Societais), o Laboratório Associado RISE vai juntar mais de 220 investigadores doutorados e 120 estudantes de doutoramento.
De frisar que mais de metade desses investigadores são médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, o que contribuirá para aproximar as prioridades de investigação às necessidades diariamente identificadas no contacto com os doentes. “Esta iniciativa demonstra que o SNS é bem mais do que a prestação de cuidados aos doentes e está na primeira linha da inovação e investigação clínica, que são fulcrais para a melhoria dos resultados em Saúde”, refere Rui Henrique, presidente do Conselho de Administração do IPO-Porto.
O RISE contará ainda com a colaboração de outros investigadores, tais como biólogos, economistas, bioestatistas, informáticos e cientistas de dados. O novo Laboratório “é a combinação perfeita de conhecimento científico e inovação produzida em unidades de investigação e Universidades com a vida quotidiana concreta dos doentes, instituições de saúde, decisores e empresas. Pretendemos ser o principal protagonista e catalisador na mudança do panorama da investigação clínica, translacional e comunitária em Portugal”, remata Fernando Schmitt.
Sediado na Academia, o RISE foi criado através da união do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da UnIC – Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular, duas unidades de investigação instaladas na FMUP, com o CCUL – Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa da FMUL e o CI-IPOP (Centro de Investigação do Instituto Português de Oncologia do Porto – IPO-Porto). A estas entidades juntaram-se ainda investigadores da NOVA Medical School, da Escola Superior de Enfermagem do Porto e da Universidade de Aveiro.