Marisa Lousada, investigadora do CINTESIS/Universidade de Aveiro, recebeu o Prémio de Investigação Científica Dr.ª Maria Lutegarda, atribuído pela Fundação AFID Diferença, numa cerimónia que decorreu no passado mês de dezembro, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Esta segunda edição do Prémio contemplou o trabalho de investigação coletivo de desenvolvimento e validação do PROsyntax – Programa de Intervenção no Domínio Sintático, destinado a crianças com Perturbação da Linguagem. O valor pecuniário é de quatro mil euros.

“Para mim, é uma honra recebermos este prémio de investigação coletivo na área da reabilitação com um programa que constitui uma resposta a uma necessidade da prática clínica dos terapeutas da fala, mostrando que a investigação e a prática clínica devem desenvolver-se com benefício mútuo”, reage Marisa Lousada.

Conforme explica a investigadora do CINTESIS/UA e terapeuta da fala, o PROsyntax é “um programa que visa melhorar as competências sintáticas de crianças com perturbação de linguagem, considerando a abordagem metalinguística que apresenta um elevado nível de eficácia. Esta abordagem propõe a realização de um treino explícito da linguagem, com recurso a suportes visuais (escrita ou imagens) e à codificação de partes do discurso por meio de um sistema de cores e formas”.

Este programa, acrescenta, “pode ser aplicado a crianças com diversas perturbações de linguagem, nomeadamente com Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem que apresentem dificuldades em compreender e produzir frases específicas, podendo também ser útil na prática clínica do terapeuta da fala junto de crianças com determinadas condições biomédicas como a Perturbação do Espectro do Autismo”.

De acordo com o anunciado, “o programa tem duas versões, uma para crianças de idade pré-escolar e outra para crianças de idade escolar, sendo o primeiro programa desenvolvido e validado para o Português Europeu na área da sintaxe”.

Neste momento, a equipa está a analisar os efeitos deste programa com estudos randomizados controlados em populações específicas, nomeadamente em crianças com Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem e em crianças com Perturbação do Espectro do Autismo. Os resultados serão brevemente conhecidos.

Entretanto, está já em marcha o processo de registo de marca, esperando-se para breve o licenciamento a uma empresa interessada na comercialização deste programa, que “deverá estar disponível à comunidade clínica e científica em poucos meses”.

Além de Marisa Lousada, investigadora do CINTESIS/UA e professora da ESSUA, fazem parte da equipa Alexandrina Martins (CLUL/ ESSUA), Mafalda Azevedo (UA) e Raquel Crespo.

O Prémio de Investigação Científica Dr.ª Maria Lutegarda, que contou com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi criado em memória da diretor da Fundação AFID Diferença. São também objetivos deste Prémio estimular a investigação e a inovação nas áreas da reabilitação e intervenção junto de pessoas com deficiência, bem como de promover a sua inclusão social, combater a discriminação e promover a igualdade de oportunidades.