Estudo é de investigadores do CINTESIS/Universidade de Aveiro

Investigadores do CINTESIS/Universidade de Aveiro revelam que a grande maioria dos idosos polimedicados – que tomam cinco ou mais medicamentos por dia – tem vontade de reduzir o consumo destes fármacos.

O estudo intitulado “Predictors of older patients’ willingness to have medications deprescribed: A cross-sectional study” demonstrou que 83,3% dos doentes estariam dispostos a deixar de tomar um ou mais medicamentos, mediante recomendação do seu médico.

Os doentes mais velhos e do sexo feminino são os que apresentam maior abertura e disponibilidade para reduzir a sua medicação diária, explicam Anabela Pereira e Óscar Ribeiro, investigadores do CINTESIS/UA e autores deste trabalho, publicado na revista científica Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology.

Apesar de estarem abertos a reduzir a sua medicação diária, 68,8% dos idosos têm receio de perder os efeitos positivos da medicação e 53,6% colocaram resistência em abdicar de fármacos que fazem parte da sua medicação diária há bastantes anos.

Neste estudo foram incluídos 192 doentes com idade mediana de 72 anos. Cerca de 77% do total dos doentes tomava mais de cinco fármacos por dia, sendo que 91,6% tinham três ou mais doenças.

“Foram identificadas as características dos doentes mais velhos que poderiam prever a disposição para tomar menos medicamentos: a idade e o sexo feminino. Essas características podem servir, na prática clínica, para selecionar os doentes mais propensos a aceitar uma redução da medicação”, refere Anabela Pereira, primeira autora do estudo que está incorporado num projeto mais amplo sobre “Desprescrição no Idoso”.

Segundo a investigadora, “os médicos devem aproveitar esta oportunidade para falar com os seus doentes sobre a possibilidade de iniciar a desprescrição, ou seja, parar ou reduzir a toma de medicamentos que sejam considerados inapropriados”.

Além de Anabela Pereira e Óscar Ribeiro, do CINTESIS/UA e do Laboratório Associado RISE, este estudo teve a participação de Manuel Veríssimo, professor da Universidade de Coimbra.