Uma equipa do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) está a desenvolver um Simulador Digital Anónimo que permite analisar, de forma fácil e rápida, as interações dos utilizadores com as aplicações móveis (mApp), designadamente na área da saúde.
Liderado por Ana Margarida Ferreira (na foto), o projeto exploratório AnyMApp tem uma duração de 18 meses e conta com financiamento da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia da ordem dos 50 mil euros.
O protótipo da AnyMApp irá testar aplicações móveis, em qualquer uma das suas fases de desenvolvimento, usando uma plataforma online, de utilização anónima, onde serão recolhidas as interações de utilizadores com a aplicação modelo que está a ser testada.
De acordo com a investigadora do CINTESIS/FMUP, “este projeto surgiu das necessidades que foram aparecendo na execução de outros projetos, como a falta de meios mais eficazes para testar aplicações móveis em saúde, não só em termos de usabilidade e recrutamento de participantes para estudos do género, mas também em termos da adesão a essa tecnologia, que é essencial em saúde, principalmente para doentes crónicos”.
De facto, logo na primeira semana de utilização das mApps, estima-se uma perda de 35% a 65% dos utilizadores. Na área da saúde, “isto reflete-se na falta de controlo ou de adesão a um determinado plano terapêutico e na inexistência de partilha de informação útil e em tempo real com os profissionais de saúde que seguem o doente. O resultado da utilização destas aplicações fica, então, aquém do seu potencial”.
Como explica Ana Margarida Ferreira, “o sucesso de uma mApp depende muito da sua aceitação por parte dos seus utilizadores-alvo. Por isso, a informação sobre a sua utilização pode ajudar a melhorar as mApps, de forma a melhor captarem utilizadores, assim como a promover o seu uso continuado”.
Este projeto assume um interesse especial em tempos de pandemia, permitindo enfrentar e ultrapassar alguns dos constrangimentos levantados pela COVID-19, que limitou as deslocações dos participantes aos espaços físicos onde decorriam estudos.
Espera-se ainda que esta plataforma contribua para a disseminação e o recrutamento online, ao mesmo tempo que possibilita a inovação em áreas como usabilidade, a segurança e a privacidade, a análise de risco e a deteção de problemas de acessibilidade.