Os adolescentes e jovens do sexo masculino adultos são mais sexualmente ativos do que as raparigas, começam a sua vida sexual mais cedo e têm mais parceiros do que as adolescentes e jovens do sexo feminino, indica um estudo de investigadores do CINTESIS/Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
Publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, este trabalho será o primeiro a basear-se numa amostra de base populacional, em vez de usar as escolas ou instituições.
Neste estudo, 51% dos adolescentes e jovens adultos entre os 16 e os 24 anos de idade eram sexualmente ativos. Em média, as raparigas tinham a sua primeira relação sexual aos 16,7 anos e os rapazes, aos 16,2 anos, com 22% a iniciar a vida sexual ativa antes dos 16 anos. A média de parceiros sexuais foi de 2,2 no período de um ano, sendo esta média mais alta nos adolescentes e jovens do sexo masculino.
“Os nossos resultados mostram que a educação sexual deve chegar aos adolescentes antes dos 14 anos, antes da sua primeira relação sexual. As estratégias preventivas devem atingir particularmente os rapazes, tendo em conta que estes começam a sua vida sexual mais precocemente e têm mais parceiros sexuais”, afirmam os investigadores, liderados por Paulo Santos e Carlos Franclim Silva (CINTESIS/FMUP).
Ainda segundo este estudo, os adolescentes e jovens tendem a considerar como “adequados” os seus conhecimentos sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST), sobretudo no que respeita à infeção VIH/SIDA, HPV (que provoca cancro do útero e para o qual já existe uma vacina para ambos os sexos no Programa Nacional de Vacinação) e herpes genital. O grau de conhecimento é menor em relação à clamídia, à tricomoníase e à gonorreia.
De uma forma geral, os adolescentes e os jovens sexualmente ativos estão mais bem informados sobre as DST, assim como os mais velhos e o sexo feminino.
Este trabalho mostra que “a fonte de informação varia ao longo do tempo entre os pais, os amigos, os professores e os médicos, sendo importante perceber este contexto para uma educação para a saúde mais eficiente, aproveitando o melhor veículo de informação em cada momento. Não obstante, os professores e os médicos devem desempenhar um papel mais visível”, dizem.
Neste sentido, “os profissionais terão de sair das instituições de saúde para ir ter com os adolescentes, tirando partido do ambiente familiar e das salas de aula, por exemplo, ajudando a promover o acesso aos cuidados de saúde primários, quando necessário”.
Além de Paulo Santos, assinam este estudo vários investigadores da FMUP e do CINTESIS Carlos Franclim Silva, Luísa Sá e Daniel Beirão.