Mais de duas centenas de pessoas, entre profissionais de saúde, investigadores, representantes políticos, estudantes, cuidadores formais e informais, participaram no III Seminário Internacional Alzheimer e outras Demências: Conhecer, Compreender e Intervir, que decorreu nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, no Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viseu (IPV), numa iniciativa da Escola Superior de Educação de Viseu, com as Obras Sociais do Pessoal da Câmara Municipal e SM de Viseu e o apoio do CINTESIS.
“O objetivo foi partilhar conhecimento e experiências atuais na área da doença de Alzheimer através da participação em painéis sobre os cuidados formais, os cuidados informais, as tecnologias, a vivência na comunidade e a intervenção (não farmacológica, que inclui a musicoterapia e a atividade física, por exemplo)”, explica Lia Araújo, investigadora do CINTESIS e membro da comissão organizadora.
De acordo com a responsável, uma das principais conclusões deste Seminário foi que “é importante que os cuidados formais e os cuidados informais não sejam separados e estejam cada vez mais par a par”. E embora reconheça que “já há práticas muito positivas”, entende que “é preciso investigar ainda mais e divulgar melhor o que já existe, tendo em conta modelos inovadores, individualizados e mais positivos”.
A propósito, a gerontóloga Lourdes Bermejo preconizou a chamada “Abordagem Centrada na Pessoa”, “um modelo inovador que já está a ser seguido em vários países da Europa”. Segundo Lia Araújo, este movimento baseia-se na ideia de que cada pessoa é única. “Quando desenvolvemos uma intervenção, é preciso respeitar as características individuais de cada pessoa, a sua pessoalidade. Não podemos ver apenas a doença, mas a pessoa no seu todo. É preciso desenvolver cuidados em humanitude”, diz.
Para a investigadora, a acessibilidade às tecnologias é outra questão fulcral. “Há muitas tecnologias que até são gratuitas, em que nem se coloca a questão do custo, e que as pessoas desconhecem. É preciso apostar mais na informação, na literacia e na educação para que os recursos existentes possam ser mais mobilizados e utilizados. É preciso disseminar respostas e serviços que existem e que não estão a chegar a todos, possivelmente porque os canais de comunicação estão a falhar”, acrescenta, recordando a participação do projeto ActiveAdvice, do CINTESIS, que visa precisamente a difusão de informação e suporte à decisão em matéria de AAL – Ambient Assisted Living.
Após os dois primeiros dias de Seminário dedicados à parte científica, com a participação de dezenas de especialistas, sobretudo médicos, psicólogos e gerontólogos, provenientes de instituições portuguesas espanholas e italianas, seguiu-se, no terceiro dia, um Encontro cuja missão foi incluir, formar e informar pessoas da comunidade que normalmente não têm acesso a este tipo de eventos, nomeadamente técnicos “do terreno” desta área geográfica e cuidadores informais.
Neste Encontro, foram realizados workshops e discutidos temas como o papel da comunicação social no combate ao estigma associado à doença. O evento incluiu também eventos culturais, como a apresentação de livros e um concerto.
Lia Araújo é investigadora do AgeingC, do CINTESIS, membro dos projetos PT100 – Centenários (coordenado por Óscar Ribeiro, investigador principal do AgeingC, do CINTESIS) e MentHa (coordenado por Pedro Machado dos Santos, do CINTESIS), docente do Instituto Politécnico de Viseu e dinamizadora do Café Memória de Viseu.
Além de Lia Araújo, participaram também neste evento vários investigadores do CINTESIS, designadamente Óscar Ribeiro, Constança Paúl, Mafalda Duarte, Maria João Azevedo, Natália Duarte, Rita Tavares de Sousa, Sara Alves e Soraia Teles.