Descoberta pode contribuir para controlo mais adequado da dor

Um estudo com a participação do CINTESIS/Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) identificou nove biomarcadores de dor através de análises ao sangue.

A descoberta, noticiada pela Agência LUSA, poderá permitir uma melhor gestão da dor, designadamente em pessoas com demência e que estão a receber cuidados paliativos ou cuidados de fim de vida, mas que não conseguem expressar-se. As dificuldades na identificação e caracterização da dor, nestes casos, constituem um desafio, prejudicando a abordagem terapêutica.

“Os resultados alcançados permitem uma abordagem individualizada e muito mais eficiente do que tem sido feito até aos nossos dias, em que dependemos do autorrelato do doente para podermos introduzir as terapêuticas necessárias ao controlo da dor”, afirmou Hugo Ribeiro, professor da FMUP e primeiro autor do estudo, em declarações à agência.

De acordo com o artigo científico intitulado Monocytes in the Characterization of Pain in Palliative Patients with Severe Dementia — A Pilot Study”, publicado no International Journal of Molecular Sciences, foram analisados 53 doentes com demência.

O objetivo era perceber se um conjunto de monócitos e de proteínas poderiam servir como biomarcadores periféricos não invasivos para identificação e caracterização da dor em doentes com demência grave.

Os investigadores concluíram que, de facto, a percentagem de monócitos e, particularmente, os níveis de CD11c, CD163 e CD206, podem ser utilizados para identificar a presença de dor e o tipo de dor nestes pacientes.

Este será o maior estudo conhecido sobre biomarcadores de dor realizados até à data e o único a comparar doentes com dor não oncológica utilizando como biomarcadores monócitos específicos.

“Em doentes dependentes e vulneráveis que não conseguem autorreportar sintomas, a identificação de biomarcadores de dor, designadamente os que são apresentados neste estudo, contribuirá para um controlo da dor mais rápido e mais adequado, bem como para a redução do sofrimento associado”, concluem.

Participaram também neste estudo José Paulo Andrade, investigador do CINTESIS e professor da FMUP, Marília Dourado, Ana Bela Sarmento Ribeiro, Manuel Teixeira Veríssimo, Ana Cristina Gonçalves, Joana Jorge e Raquel Alves, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.