Abordagens computacionais usadas para desenvolver a produção de células dendríticas em Portugal  

Um grupo de investigadores portugueses está a abrir portas à criação de vacinas antitumorais e de novas abordagens ao sistema imunitário, nomeadamente através da quimioinformática e da bioinformática. O objetivo é melhorar o tratamento dos doentes com cancro.

Intitulado DC Matters, este projeto junta especialistas do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT NOVA) e da empresa portuguesa Stemmatters.

O principal objetivo é permitir a produção de vacinas baseadas em células dendríticas de nova geração, que combinam inibidores de checkpoint imunitário (ICI) – uma espécie de travão da resposta imunológica – com a capacidade de ajudar o sistema imunitário a reconhecer e a atacar as células cancerígenas.

Num artigo publicado na revista científica International Journal of Molecular Sciences, a equipa de Florbela Pereira e Paula Videira, investigadoras do DC Matters na FCT NOVA, identifica, através de técnicas computacionais, novos compostos capazes de inibir os “checkpoints” imunitários. Esta inovação é considerada essencial para produzir mais e melhores células dendríticas para a terapia imunológica antitumoral.

De acordo com Paula Videira, “as células dendríticas têm um papel muito importante a nível imunológico. Elas orquestram a resposta imune, tanto ao ativar o sistema imunitário contra as células tumorais, mas também ao criar uma tolerância imunológica, o que já não é benéfico em terapia antitumoral. Este balanço tem de ser gerido muito finamente a nível laboratorial”.

A pesquisa desta equipa centrou-se num eixo promissor. Segundo a especialista, “as terapêuticas que impeçam a interação PD-1/PD-L1 permitem que as células imunes voltem a conseguir estabelecer uma resposta imune contra as células tumorais. Estes inibidores de checkpoint imunitário são muito promissores no tratamento de vários tipos de cancros, incluindo o cancro da pele, do pulmão e da bexiga”.

Além de Paula Videira, o estudo contou com a participação dos investigadores Florbela Pereira, Patrícia Sobral, Vanessa Luz e João Almeida.

A investigação do “DC Matters – Combinação de vacina de células dendríticas com inibidores de checkpoint imunitário como terapia de primeira linha em doentes com neoplasias malignas sólidas” é financiada pelo Portugal 2020.