Investigadores do CINTESIS/ICBAS Constança Paúl e Soraia Teles de Sousa estão a participar numa rede global de colaboração da Organização Mundial de Saúde (OMS) que visa partilhar e disseminar as boas práticas na área da demência.
Esta nova rede foi criada com o objetivo de aumentar a qualidade de vida, a qualidade dos cuidados e o bem-estar das pessoas com demência e dos seus cuidadores informais, como observa Soraia Teles de Sousa, num artigo que publica no “Alzheimer Europe”.
Integrada no Global action plan on the public health response to dementia 2017-2025 da OMS, a Rede iSupport surgiu na sequência do trabalho realizado com o programa iSupport – Portugal, adaptado a Portugal por investigadores do CINTESIS, em parceria com a Associação Alzheimer Portugal.
Esta rede colaborativa, que fez a sua primeira aparição pública no congresso internacional da International Psychogeriatric Association, em 2023, em Lisboa, junta equipas de todo o mundo no sentido de adaptar, desenvolver e implementar o iSupport em diferentes países. Outros objetivos passam pela identificação de oportunidades e de desafios associados à implementação do programa.
O programa iSupport-Portugal foi adaptado do iSupport, criado pela OMS para ensinar e treinar cuidadores de pessoas com demência. O programa prevê 23 sessões que ajudam a prestar cuidados de qualidade, abordando assuntos fundamentais para quem cuida de alguém com aquela condição. Desde que foi criado, em 2019, o programa da OMS foi adaptado por mais de 40 países e em 37 línguas em todo o mundo.
Trata-se de um “programa de apoio e formação através da internet criado para cuidadores informais de pessoas com demência”, tendo como objetivos entender o impacto desta “condição neurológica” das pessoas afetadas e nos cuidadores, lidar com as alterações do comportamento dos doentes (como, por exemplo, agressividade e sintomas depressivos), contribuir para a prestação de cuidados de qualidade e permitir uma melhor gestão das dificuldades que lhe estão associadas.
De acordo com Soraia Teles de Sousa, “a maioria dos cuidados a cerca de 55 milhões de pessoas com demência é prestada por familiares ou amigos próximos que não são pagos. Os cuidadores informais passam, em média, cinco horas por dia a dar apoio àquelas pessoas” e enfrentam muitas vezes “problemas financeiros, sociais e psicológicos, o que tem impacto na sua saúde física e mental”.