Marisa Lousada é investigadora do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde há quase uma década, além de terapeuta da fala, Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), Diretora do Mestrado em Terapia da Fala da ESSUA e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala (SPTF), tendo-se destacado recentemente pelos prémios que recebeu, respetivamente o Prémio de Investigação Científica Dr.ª Maria Lutegarda na área da Reabilitação e o Prémio de Mérito Científico em Terapia da Fala.

Nasceu em Ílhavo, em 1980, e cresceu na Gafanha da Nazaré. Fez o ensino secundário em Aveiro, a licenciatura em Terapia da Fala na Escola Superior de Saúde do Alcoitão, e o mestrado e o doutoramento na Universidade de Aveiro.

“Eu fiz a minha formação em Terapia da Fala sempre com o objetivo de trabalhar com crianças com perturbações da linguagem. Comecei por trabalhar no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão e depois na Cooperativa para a Educação, Reabilitação e Inclusão de Aveiro – CERCIAV e em clínica privada, sempre na área da Pediatria”, recorda.

Ser investigadora não estava, inicialmente, nos seus planos. Entrou no CINTESIS em 2013, pouco depois de terminar o seu doutoramento. “Fazia todo sentido estar numa Unidade de investigação da área da saúde e escolhi o CINTESIS pelo prestígio que tem na área”, conta.

As mais-valias de pertencer ao CINTESIS, em seu entender, são “o apoio célere nas atividades de investigação e algum financiamento para atividades específicas”. Além disso, “as reuniões com o grupo de investigadores do polo de Aveiro são recorrentes, o que é um aspeto muito positivo, na medida em que permitem potenciar sinergias entre investigadores em prol da investigação interdisciplinar.”

“Também o facto de a Unidade ter uma classificação da FCT de ‘muito bom’ é vantajoso em candidaturas, por exemplo, a bolsas dos meus alunos de doutoramento, a projetos de investigação, entre outros e o acesso a informação relevante para atividades de investigação, candidaturas a prémios, etc.”, explica.

Como investigadora, as suas áreas de interesse na investigação são a análise da eficácia de intervenção em crianças com perturbações da linguagem e também o desenvolvimento e validação de alguns instrumentos de avaliação essenciais para a prática clínica dos terapeutas da fala.

Nesse sentido, o projeto de investigação financiado que estamos a terminar (“Neurodevelopmental correlates of implicit-explicit learning mechanisms in children with Specific Language Impairment: Evidence with cerebral evoked potentials”), liderado pela Ana Paula Soares, da Universidade do Minho, com a colaboração da Universidade de Aveiro/CINTESIS e do Instituto Politécnico do Porto, permitiu conhecer melhor crianças com Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem e as implicações a nível do sucesso escolar.

“O estudo longitudinal mostra que as competências linguísticas no último ano do pré-escolar estão fortemente correlacionadas com as competências de leitura no 2º ano de escolaridade, por exemplo a Percentagem de Consoantes Corretas em idade pré-escolar e a leitura de palavras e de pseudopalavras no 2º ano, pelo que o diagnóstico e a intervenção precoces são fundamentais”, esclarece.

Os principais resultados têm sido, nas suas palavras, “o avanço de conhecimento relativamente a abordagens de intervenção mais eficazes bem como o desenvolvimento de diversos recursos, como instrumentos de avaliação validados, que estão hoje disponíveis no mercado para terapeutas da fala e para outros profissionais que trabalham com crianças com perturbações de linguagem”.

Para Marisa Lousada, “as reuniões científicas têm possibilitado a disseminação destes resultados” e “a colaboração na direção da SPTF neste último mandato tem sido uma mais-valia para o crescimento da profissão associado a uma prática informada na evidência”.

Qual é a sua ambição a um ano?

Pretendo disponibilizar aos terapeutas e a outros profissionais alguns resultados de investigação em curso através da publicação de artigos, bem como da disseminação dos resultados em reuniões científicas internacionais e nacionais.

Qual é a sua ambição a 10 anos?

Gostaria que a investigação que realizo tenha impacto positivo no dia-a-dia das crianças que têm perturbações de linguagem e nas suas famílias. Por outro lado, quero dar resposta a alguns desafios da prática clínica dos terapeutas da fala no que respeita à avaliação rigorosa e responder a esses mesmos desafios com instrumentos de avaliação inovadores e programas cientificamente validados que possam ser úteis na prática clínica.

O que faz quando não está a investigar?

Passo tempo com a família, incluindo filhos, marido, pais e avó. No liceu, adorava jogar futebol. Agora faço algum desporto, mas menos do que o que deveria fazer. Como uso as redes sociais, sou um livro aberto [risos].